domingo, 2 de dezembro de 2007

ELE TAMBÉM ENTROU PARA A HISTÓRIA...




Banks: o jogador que parou Pelé (primeira imagem)




Falamos na última postagem de jogadores com grande capacidade de chute, como Didi, Puskas, Rivelino, entre outros, que sempre causavam temor nos goleiros adversários. Agora vamos para o outro lado para mostrar que também existiam gênios debaixo das traves e que estes, em diversos momentos, pararam os monstros sagrados da bola. Hoje vamos comentar um pouco da carreira do goleiro britânico Gordon Banks, o homem que parou Pelé (veremos esse assunto adiante), e que faz seu 70º aniversário de vida nesse mês.

Nascido em Sheffield, na Inglaterra, na data de 30 de dezembro de 1937, Banks logo despertou sua paixão pela posição de goleiro. Desde criança era um admirador e até estudioso de nomes como o do lendário russo Lev Yashin (o Aranha Negra, considerado o melhor arqueiro de todos os tempos), do húngaro Grosics, etc. Ainda garoto participou de um time juvenil do Chesterfield já na posição que o consagraria futuramente. Em 1954, finalmente, conseguiu seu primeiro contrato profissional na carreira que sempre sonhou fazer.

Em princípio atuando pelo time reserva do Chesterfield, logo seu talento aflorou e chamou atenção da comissão técnica da equipe principal. No ano de 1956, quando disputava a edição para jovens da FA Cup (FA Youth Cup), fez duas grandes exibições diante do poderoso Manchester United de Sir Matt Busby e por pouco não atrapalhou o caminho dos Red Devils - derrota por 4 a 3 no saldo agregado. Começava aí a grande trajetória de Gordon Banks na história do futebol.

Banks atuou pelo Chesterfield por 4 temporadas (1955/59), quando partiu para o Leicester City, clube no qual o consagraria definitivamente e o alçaria aos vôos mais altos de sua carreira futebolística. Novamente começando como reserva, logo viu sua chance de ouro quando o goleiro titular Dave McLaren machucou-se durante uma partida pela primeira divisão. Depois da recuperação de McLaren, Gordon Banks retornou ao banco de reservas. Mas quis o destino que ele retornasse e mostrasse todo seu talento - nos 5 jogos seguintes à sua volta para a reserva o time sofreria 14 gols.

Ano após ano e com grandes apresentações que ajudariam o Leicester a conseguir importantes colocações nos torneios que disputava, chegava o momento do mundo conhecer a figura de Gordon Banks. Após o fracasso na Copa de 1962, no Chile, Alf Ramsey assumiria o "English Team" e promoveria uma grande renovação no selecionado. Mesmo sem título algum em sua carreira, Banks fazia por onde merecer sua convocação. Sua estréia na seleção inglesa se deu em 1963 para só deixá-la 9 anos mais tarde.

Em 1966 a glória máxima: o título mundial com a Inglaterra jogando em casa. Mesmo com a conquista bastante discutida, Banks sem dúvida mereceu grande destaque. Quando o assunto era Copa do Mundo uma luz especial acobertava o arqueiro. Na eletrizante final contra os alemães, e com o placar contando 3 a 2 para os ingleses, Banks conseguiu evitar, de maneira sensacional, o empate germânico após um fortíssimo chute de Siggy Held da entrada da área.

Por incrível que pareça com a taça Jules Rimet em mãos, e considerado um dos grandes goleiros do mundo à época, Gordon Banks viu seu espaço no Leicester City diminuir com a promoção das categorias de base de Peter Shilton, outro arqueiro que viria fazer sucesso no time nacional anos mais tarde. Dessa forma, em 1966 e com um único título apenas (a Copa da Liga de 1964), Banks transferia-se para o Stoke City, onde permaneceu até 1972 e levou outra Copa da Liga (no seu último ano na equipe). Como curiosidade, o guarda-metas teve uma curta passagem pelo Cleveland Stokers, dos EUA, no ano de 1967.

Durante essa transação estranha, Banks viu o treinador Ramsey testar outros nomes no gol inglês. Por lá passaram Peter Bonetti, do Chelsea, Gordon West, do Everton, e Alex Stepney, do Manchester United. Porém nenhum conseguiu chegar ao nível de Gordon Banks, que logo retornou para tomar conta da meta inglesa. Após chegar com a Inglaterra às semifinais da Euro 1968, chegaria o momento de disputar a sua segunda Copa - a do México em 1970. Mal sabia que escreveria seu nome de uma vez por todas na história do esporte.

A Inglaterra chegava à América do Norte com o status de campeã mundial e como uma das favoritas à conquista do título. Entretanto caiu em uma chave bastante ingrata, juntamente com Romênia, Tchecoslováquia e o futuro campeão Brasil. Na primeira partida no mundial, diante dos romenos, vitória apertada por 1 a 0. Viria então o grande embate diante dos brasileiros. Comandado por Pelé, o Brasil venceu por 1 a 0, mas poderia ter sido pior se não fosse Gordon Banks.

Com 10 minutos de jogo os brasileiros já exerciam grande pressão na zaga inglesa. Em uma jogada pela direita, o ponta-direita Jairzinho deixa o marcador Terry Cooper para trás e cruza na medida para Pelé, que vinha em velocidade em direção à área. O maior jogador de todos os tempos cabeceia a bola de forma fulminante de cima para baixo. Essa finalização é considerada praticamente impossível de ser defendida pelos goleiros. Mas o impossível foi feito pelo camisa 1 inglês: quando todos já esperavam a abertura do placar no estádio Jalisco, eis que Gordon Banks se atira no canto direito da trave e pratica aquela que é considerada a maior defesa da história do futebol, inclusive pelo próprio Pelé. Essa honraria, com o passar dos anos, acabou sendo mais significativa que o título de 1966. A descrição da jogada pode ser vista acima na primeira imagem dessa publicação. Mesmo com a histórica defesa, Banks não conseguiu livrar os ingleses da derrota por 1 a 0. Com a eliminação da Copa do Mundo de 1970, muitos achavam que era a hora de Banks passar a vez para jogadores mais jovens. Entretanto, continuou com a seleção até 1972, aos 35 anos.

Nesse ano sua carreira começou a entrar em declínio, principalmente após um grave acidente automobilístico sofrido. No dia 22 de outubro, quando saia de uma sessão de fisioterapia com o médico do Stoke City, perdeu a direção de seu carro e caiu em uma ribanceira. O ocorrido causou-lhe algumas lesões pelo corpo e a perda da visão de seu olho esquerdo. Tal fato automaticamente encerrou sua carreira. Daí tentou iniciar uma carreira de técnico com o Telford United, clube amador da Inglaterra, mas sem muito sucesso. Chegou também a participar de algumas campanhas comercias do Campeonato Inglês. Entretanto, contrariando a tudo e a todos (inclusive a lógica do futebol), voltou aos gramados para atuar pelo St. Patrick's Athletic, da Irlanda, em 1977, em uma única partida. Mesmo com apenas a visão do olho direito conseguiu, inacreditavelmente, fechar o gol e contribuir com a vitória de seu time diante do Shamrock Rovers por 1 a 0. No mesmo ano voltou aos Estados Unidos para, na temporada seguinte, encerrar definitivamente sua brilhante trajetória futebolística no Fort Lauderdale Strikers.

Em recente pesquisa realizada pelo IFFHS (Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol), Gordon Banks foi eleito como o 2º melhor goleiro da história do futebol (atrás de Lev Yashin) e o maior dentre todos os britânicos em todos os tempos.

Hoje, Banks vive com sua esposa, Ursula, na Inglaterra, aproveitando sua aposentadoria como consultor do Channel 4 (uma rede britânica de TV e rádio estatal) para a descoberta de novos talentos para o gol.

Abaixo, dados e estatísticas do homem que parou Pelé:


* Nome: Gordon Banks.

* Nascimento: 30 de dezembro de 1937, em Sheffield, Inglaterra.

* Posição: Goleiro.

* Clubes (6): Colchester United (1955/59); Leicester City (1959/66); Stoke City (1966/72); Cleveland Stokers/EUA (1967); St. Patrick's Athletic/IRL (1977); Fort Lauderdale Strikers/EUA (1977/78).

* Seleção Inglesa: 73 jogos (1963/72).

* Títulos: Copa da Liga (2 - 1964 e 1972); Copa do Mundo (1966).

* Prêmios: Futebolista do ano na Inglaterra (1972).



Imagem: World Cup Archive
Foto 1: Pipex.com
Foto 2: BBC

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