sábado, 26 de julho de 2014

FUTEBOL NA GUERRA


Em tempo de Guerra o futebol teve vez até no front




Pegando o gancho do post anterior sobre centenário, em 2014 também marca um século do início da I Guerra Mundial, conflito sangrento ocorrido principalmente na Europa e que deixou um saldo de milhões e milhões de mortos entre soldados, civis e até animais. 

De um lado os "Aliados", compostos por França, Grã-Bretanha, Rússia, Bélgica, Sérvia, Itália (começou o embate como adversária, mas se aliou em 1915) e Estados Unidos; do outro, Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Bulgária formavam as "Potências Centrais". O confronto bélico se iniciou em 1914 e só veio ter fim em 1918 com a derrota das Potências, a queda dos otomanos e a consequente assinatura do Tratado de Versailles por parte dos alemães em 1919.

Contudo, mesmo em tempos de guerra o futebol continuava a ser praticado - não só nos países com seus campeonatos locais, mas também no campo de batalha. Foram vários relatos, documentos, registros fotográficos e livros tratando do assunto, quando soldados aproveitavam os breves momentos de descanso e/ou cessar fogo não-oficiais para se divertirem com a bola nos pés.

O cartaz acima foi uma motivação para os jovens ingleses ingressarem no front, visto a declaração do jornal germânico "Frankfurter Zeitung" de que os britânicos "não eram de nada". Já a foto é de 25 de dezembro de 1915, num campo próximo à Salonika na Grécia, numa das chamadas "Tréguas de Natal", em que soldados de ambos os lados faziam um cessar fogo para celebrarem os festejos de fim de ano.

O 17º Regimento de Middlesex ficou conhecido como o "Batalhão do Futebol" ou "The Extremers" ("Os Extemados") devido à maioria de seus componentes serem à época jogadores de futebol. Tal ideia partiu de William Joynson-Hicks, membro do Parlamento britânico. O objetivo principal era despertar o nacionalismo através do futebol. Dirigentes dos clubes e árbitros também se alistaram.

O grupo teve como um de seus líderes o escocês Richard McFadden, atacante do Clapton Orient (hoje Leyton Orient) que entre 1911 e 1915 era o ídolo maior do clube e seu maior artilheiro. O jogador morreu durante os confrontos e hoje é reverenciado pelos torcedores do modesto time inglês ao lado de dois colegas de equipe também mortos na guerra, William Jonas e George Scott.

Os jogos nos terrenos castigados pela guerra muitas vezes eram à base do improviso: bolas feitas de lata, entulhos diversos e arames; as traves muitas vezes eram apenas as botas dos soldados alinhadas e os combatentes corriam atrás da vitória mesmo com seus pesados uniformes. 


Ingleses e alemães rivalizavam também nas peladas durante a guerra



O ex-combatente Ernie Williams, em uma entrevista à rede BBC inglesa há alguns anos, recordou uma das partidas mais famosas da época. "Uma bola foi lançada do lado dos alemães e, em poucos instantes, vários soldados começaram a jogar. Havia umas 200 pessoas e todas pareciam estar se divertindo. Ninguém com más intenções entre nós e não havia juiz, nem placar". 

Vários jogadores britânicos, que inclusive atuavam por suas seleções, estiveram no "Batalhão do Futebol" durante as batalhas de Deville Wood e Guillemont  - essas duas na Batalha do Somme - e na Batalha de Arras em 1917. Nomes como o do já citado escocês McFadden, do zagueiro Frank Buckley (Bardford City e Inglaterra), do meiocampista Lyndon Sandoe (Cardiff City e País de Gales) e todo o time do Hearts of Midlothian da Escócia engrossaram as fileiras nas trincheiras da I Guerra Mundial.


Exeter City de 1914: sete dos jogadores que enfrentaram o Brasil foram à guerra



Na postagem anterior  relembramos os 100 anos de história da Seleção Brasileira de futebol. E em sua primeira partida o adversário foi o inglês Exeter City, com vitória brasileira por 2 a 0 no campo da Rua Guanabara, atual Laranjeiras, no Rio de Janeiro. A I Guerra estava em seu começo no dia 21 de julho daquele ano, mas devido às dificuldades de comunicação da época os britânicos ainda não tinham conhecimento do conflito - só ficaram sabendo quando estavam retornando à Europa a bordo do navio Alcântara.

Relatos de alguns dos jogadores deram conta de que com o navio portando uma bandeira inglesa em seu mastro houve o temor da embarcação ser atacada pelas forças inimigas. Porém, felizmente a viagem foi realizada sem transtornos e os únicos tiros ouvidos foram de navios franceses como advertência para o confronto durante a passagem pelo Canal da Mancha.

Aidan Hamilton, autor do livro "Have you ever played Brazil? - The story of Exeter City's 1914 tour to South America" ("Você já jogou contra o Brasil? - A história da turnê de 1914 do Exeter City pela América do Sul", inédito no Brasil), relata que 7 dos 11 jogadores que entraram em campo no histórico jogo contra os brasileiros foram convocados para a guerra: o goleiro Reg Loram, o médio e capitão do time Jimmy Rigby, os zagueiros Jack Fort e Sammy Strettle, e os atacantes Charlie Pratt, Billy Lovett, Fred Goodwin e Fred Whittaker - estes dois últimos integrando o "Batalhão do Futebol". Ainda segundo Hamilton, Goodwin sofreu sérios ferimentos nos confrontos e jamais voltou a atuar. 

Afora estes citados, quatro atletas dos quadros do clube inglês que não estiveram presentes na excursão ao continente americano, também se alistaram: William Kirby, Arthur Evans, Fred Hunt e Kadie White - todos mortos no conflito.


Todo o time do Hearts, da Escócia, participou da I Guerra




O alistamento militar na Grã-Bretanha não era obrigatório até 1916, por isso o governo teve que apelar para o nacionalismo aliado ao futebol, já que era a principal prática esportiva da ilha europeia naquele tempo. Atraídos por esse chamamento patriótico, todos os jogadores do escocês Hearts alistou-se em 1914 no "Batalhão do Futebol" para os combates contra os alemães e seus aliados.

O galês Bertie Felstead, outro ex-combatente da I Guerra, registrou em um relato encontrado após sua sua morte em 2001 que "não era um jogo propriamente dito, eram todos contra todos em que chutávamos a bola sem objetivo. Poderia haver uns 50 de cada lado, eu acho. Eu joguei porque realmente gostava de futebol. Não sei quanto tempo durou. Provavelmente uma meia hora, e ninguém estava contando o placar". 

Ou seja, o futebol serviu como instrumento de integração e paz entre as forças rivais, tal qual como aconteceu em fevereiro de 1969, quando o Santos de Pelé fez uma excursão pela África. Na ocasião o time paulista conseguiu que o Zaire (atual República Democrática do Congo), que vivia um grande conflito interno entre blocos étnicos e políticos, vivesse um dia de cessar fogo para que a população pudesse acompanhar o maior jogador do planeta e seus companheiros em campo.

O "Batalhão do Futebol" foi desmobilizado em 1918, ano do fim da guerra, e contabilizou várias perdas para o esporte britânico. Em 2010 foi erguido o memorial para o 17º Regimento de Middlesex na cidade francesa de Longueval, no norte do país. Placas de granito com nomes dos atletas/combatentes mortos encontram-se no local para que os fãs de diversos clubes possam prestar homenagens aos seus heróis das batalhas nos campos de futebol e de guerra.




Cartaz: Johnson, Riddle & Co., Ltd., de Londres/ING
Foto 1: Getty Images
Foto 2: Chester Chronicle
Fotos 3 e 4: Autor desconhecido

segunda-feira, 21 de julho de 2014

SELEÇÃO BRASILEIRA: CEM ANOS DE MUITA HISTÓRIA PARA CONTAR


Julho de 2014: centenário da seleção mais vitoriosa da história




Há exatos 100 anos, numa tarde do dia 21 de julho de 1914, nascia a semente daquela que viria a ser a mais vitoriosa seleção em todos os tempos. Pela primeira vez reuniam-se para formar uma equipe nacional os melhores jogadores da época - na teoria - para representar uma nação com a bola nos pés. Jogadores como Marcos Carneiro, Oswaldo Gomes, Píndaro, Osman, Frienderich - considerado o primeiro grande craque brasileiro dos gramados - e outros entravam em campo para entrar na história com o pontapé inicial da seleção do Brasil de futebol. 

O campo foi o da rua Guanabara, atual Laranjeiras - casa do Fluminense. E o adversário, o inglês Exeter City, tradicional clube daquele país e que hoje joga a quarta divisão local. Os britânicos faziam uma excursão pela América do Sul, quando receberam um convite da FBS (Federação Brasileira de Sports) para um amistoso contra um combinado de jogadores do Rio de Janeiro e de São Paulo. 

Não havia um técnico oficial no banco de reservas brasileiro, por isso o time foi comandado pelos halfs - os meias daquela época - Sylvio Lagreca e Ruben Salles. O público presente no lendário estádio carioca foi de aproximadamente 3 mil pessoas. As pessoas, diferentemente de hoje em dia, puseram suas roupas mais finas para comparecer ao evento esportivo que havia sido trazido 19 anos antes por Charles Miller como se fosse uma festa de gala. Viram um jogo bem truncado, muito mais pela virilidade dos ingleses que não deixavam a refinada técnica brasileira se sobrepor. O árbitro da partida histórica foi o inglês Harry Robinson.


Foto da primeira seleção brasileira



O Brasil entrou pro amistoso com seu primeiro uniforme, o branco, que seria abolido após a fatídica final da Copa do Mundo de 1950 no Maracanã. A formação inicial era a da foto acima no "esquema" 2-3-5, que tinha, da esquerda para a direita, Píndaro, Marcos Carneiro e Nery (em pé); Sylvio Lagreca, Rubens Salles e Rolando (agachados); Oswaldo Gomes, Frienderich, Abelardo, Osman e Formiga (sentados).

O primeiro gol da história da seleção brasileira saiu dos pés de quem estava atuando em casa - Oswaldo Gomes, atacante do Fluminense. Osman, centroavante do América/RJ, marcou o segundo e decretou a estreia brasileira com vitória por 2 a 0 contra o Exeter City.


A centenária bola da estreia brasileira nos gramados




Cem ano depois dessa partida histórica no Rio de Janeiro temos uma seleção que possui cinco título mundiais - feito até hoje não alcançado. Foi um século de muitas conquistas, glórias, consagração de gênios da bola e também de decepções como todo time de futebol. Se hoje temos referências com a camisa brasileira como Pelé, Garrincha, Gilmar, Nilton Santos, Didi, Domingos da Guia, Zico, Romário e muitos outros muito se deve ao pioneirismo de Frienderich, Marcos Carneiro, Osman, Oswaldo Gomes, Sylvio Lagreca e companhia naquele jogo que mudaria pelo próximo século o cenário futebolístico mundial.

Abaixo, ficha do jogo histórico da seleção que completa 100 anos de muitas histórias para contar.


BRASIL 2 x 0 EXETER CITY/ING

Data: 21 de Julho de 1914
Local: Estádio das Laranjeiras - Rio de Janeiro/RJ
Árbitro: Harry Robinson/ING
Assistentes: Jack Maishan/ING e Arnaldo Borghet/BRA
Gols: Osvaldo Gomes (28' do 1º tempo) e Osman (36' do 1º tempo)
Público: Aproximadamente 3 mil pessoas

Brasil: Marcos Carneiro; Píndaro e Nery; Rubens Salles, Sylvio Lagreca e Rolando; Abelardo, Oswaldo Gomes, Friendereich, Formiga e Osman. Jogador/Técnico: Sylvio Lagreca.

Exeter City: Loran; Jack Fort e Strettle; Lagan, Jimmy Rigny e Hardin; Whittaker, Hold, Lovett, Hunter e Fred Goodwin. Técnico: Mr. MacGahey.




Foto 1: Domínio público
Imagem da camisa: Autor desconhecido
Foto 2: Autor desconhecido
Foto 3: Marcelle Ribeiro/Terra

sábado, 21 de junho de 2014

IRMÃOS SEPARADOS POR UMA COPA



Kevin e Jerôme Boateng: irmãos separados pela Copa




É normal dois irmãos se enfrentarem em nível de clubes, como já ocorreu com os holandeses Ronald e Frank de Boer, os dinamarqueses Michael e Brian Laudrup, aquio no Brasil entre o volante Fernando (ex-Flamengo) e o meia Carlos Alberto (ex-Vasco), entre muitos outros. Mas seria inimaginável dois irmãos nascidos no mesmo país, criados juntos, atuarem por duas seleções diferentes e se enfrentarem, concordam? Pois os irmãos Kevin-Prince e Jérôme Boateng se tornaram pioneiros nesta prática numa Copa do Mundo.. 

Ambos são nascidos em Wilmersdorf, vilarejo nos arredores da capital alemã Berlin, filhos de mãe alemã e pai ganês. Kevin-Prince nasceu em 6 de março de 1987, enquanto Jérôme, em 3 de setembro de 1988. O primeiro, meia, começou a dar seus primeiros passos no futebol nas categorias de base do amador Reinickendorfer Füchse e logo após ingressou nos juvenis do Hertha Berlin. Já o segundo, que é zagueiro, deu seus primeiros chutes no Tennis Borussia Berlin e logo depois juntou-se a Kevin nas escolinhas do Hertha.

A separação dos irmãos começou quando o mais velho foi contratado pelo inglês Tottenham Hotspur em 2007 após duas temporadas entre os profissionais do clube alemão. Jérôme permaneceu em Berlin por mais alguns meses até ser negociado com o Hamburgo. Pelo bom futebol apresentador pelos dois naturalmente foram convocados para a seleções de base da Alemanha. Kevin defendeu as cores sub-21 germânicas até 2007, enquanto seu irmão atuou até 2009 e conseguiu o título europeu na categoria.

Jérôme foi convocado para a seleção alemã principal pela primeira vez em outubro de 2009 para uma partida diante da Rússia - neste jogo foi expulso após receber dois cartões amarelos. Já Kevin havia sido preterido devido à forte concorrência no setor de meio-campo alemão, que já contava com nomes de bastante qualidade como Ballack, Schweinsteiger, Trochowski, Khedira e etc.

Em 2009, mesmo após conselhos de seu ex-treinador do Hertha Berlin Dieter Hoeneß de optar por defender seu país natal, Kevin-Prince comunicou ao atual técnico do selecionado Joachim Löw que vestiria a camisa de Gana para disputar a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul. Já seu irmão caçula, que à época acertou sua ida para o Manchester City, continuava a disputar as partidas eliminatórias para o torneio pela Alemanha e foi convocado para a disputa da competição, assim como Kevin. Curiosamente, este último, então atleta do Portsmouth, foi responsável pelo corte do capitão alemão Michael Ballack do Mundial, quando atingiu de forma violenta o "conterrâneo" do Chelsea, que teve os ligamentos de seu tornozelo lesionados, na decisão da FA Cup inglesa.

Quis o destino que alemães e ganeses caíssem no mesmo Grupo D da Copa e em 23 de junho de 2010, na cidade de Joannesburgo, pela primeira vez na história do futebol dois irmãos se enfrentassem por duas seleções distintas. Jérôme Boateng se deu melhor que Kevin-Prince Boateng e os alemães venceram os ganeses por 1 a 0.

Jerôme defende as cores do Bayern de Munique desde 2011 e está novamente entre os 23 convocados por Löw para a disputa do Mundial aqui do Brasil. Já Kevin-Prince deixou o Portsmouth logo após a Copa de 2010 rumo ao italiano Genoa. Depois passou por Milan e hoje veste a camisa do alemão Schalke 04. Neste dia 21 de junho de 2014 em Fortaleza, apenas 2 dias antes de se completarem 4 anos exatos do primeiro embate histórico, irmãos separados por uma Copa voltarão aos gramados defendendo suas nações, seja de nascimento ou de adoção.

Abaixo, dados e estatísticas dos irmãos em lados opostos na Copa do Mundo.


* Nome: Jérôme Boateng

* Nascimento: 3 de setembro de 1988 em Wilmersdorf/ALE

* Posição: zagueiro

* Clubes (4): Hertha Berlin (2006/07), Hamburgo (2007 a 2010), Manchester City/ING (2010 a 2011) e Bayern de Munique (desde 2011)

* Títulos (10): Campeonato Europeu de Seleções sub-21 (2009), FA Cup (2011), Supercopa Alemã (2012), Liga dos Campeões da Europa (2012/13), Supercopa da UEFA (2013), Mundial de Clubes (2013), Copa da Alemanha (2012/13 e 2013/14) e Campeonato Alemão (2012/13 e 2013/14)

* Seleção alemã: 40 partidas e nenhum gol desde 2009


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* Nome: Kevin-Prince Boateng

* Nascimento: 6 de março de 1987 em Wilmersdorf/ALE

* Posição: meio-campo

* Clubes (7): Hertha Berlin (2005 a 2007), Tottenham Hotspur/ING (2007 a 2009), Borussia Dortmund (2009), Portsmouth/ING (desde 2009), Genoa/ITA (2010), Milan/ITA (2010 a 2013) e Schalke 04 (desde 2013)

* Títulos (3): Copa da Liga inglesa (2007/08), Campeonato Italiano (2010/11) e Supercopa da Itália (2011)

* Seleção ganesa: 6 partidas e 2 gols desde 2010



Obs.: Dados atualizados até 20/06/2014 


Foto 1: Alessandra Tarantino/AP
Foto 2: TheFA.com

quinta-feira, 5 de junho de 2014

A COPA 2014 NEM COMEÇOU E JÁ TEM RECORDE QUEBRADO

Mondragón: recordes históricos na próxima Copa




Toda Copa do Mundo revela curiosidades e recordes. A cada quatro anos sempre algum atleta quebra uma marca histórica seja num gol mais rápido, seja na idade, seja no número de convocações, entre outros números. E em 2014 aqui no Brasil não poderia ser diferente, já que teremos possivelmente mais marcas quebradas – inclusive o de gols feitos em toda a história do torneio com o alemão Miroslav Klose, que está a um tento de se igualar ao brasileiro Ronaldo com 15.

Porém, dois recordes já vão ser quebrados logo de cara: o de maior período compreendido entre uma estréia em copas e a atual e o de jogador mais velho a estar presente na fase final da competição – aos 43 anos. E esse feito será do goleiro colombiano Faryd Mondragón, que disputará seu terceiro mundial e defenderá sua seleção em um espaço de 20 anos desde sua primeira participação.

Faryd Camilo Mondragón Ali, filho de colombianos com descendência libanesa, nasceu em Cali no dia 21 de junho de 1971 e como é normal entre as crianças sempre gostou de jogar futebol. Aos 19 anos assinou seu primeiro contrato profissional com um dos maiores clubes de sua cidade: o Deportivo Cali. Porém se transferiu para o Real Cartagena na temporada seguinte e para o Cerro Porteño do Paraguai logo em seguida.

Os grandes momentos de Mondragón na América do Sul se deram em sua passagem pelo futebol argentino, mais precisamente no Argentinos Juniors e no Independiente entre 1993 e 1998, com uma rápida passagem pelo Independiente Santa Fé de seu país, que lhe valeram sua primeira convocação pra seleção da Colômbia que disputaria as Eliminatórias para a Copa de 1994. Antes, em 1992, já havia participado dos Jogos Olímpicos de Barcelona pela equipe nacional. Pelo clube de Avellaneda foram dois títulos continentais: a Recopa e a Supercopa da Libertadores em 1995.

Mondragón também detém um recorde fora do âmbito das copas: é o único jogador de futebol da história a atuar em seis edições diferentes de Eliminatórias para mundiais. Estreou em 1993 e participou de todas as seguintes até a atual.

O arqueiro, já bastante experiente, teve sua primeira incursão pela Europa com a camisa do Real Zaragoza na temporada 1998/99 e depois pelo francês Metz, o turco Galatasaray (clube onde teve o dever de substituir o ídolo brasileiro Taffarel e obteve maior sucesso) e o alemão Colônia. Na sua passagem européia foi campeão turco em 2000/01 e 2005/06 e da Copa da Turquia em 2004/05.

Antes de retornar para casa, Faryd Mondragón ainda teve uma experiência nos Estados Unidos com o Philadelphia Union na Major League Soccer em 2011. Depois, em 2012, retornou para Cali para vestir a camisa do time que o revelou para o futebol onde permanece até hoje.

Apesar da idade avançada para um jogador, Mondragón vem sendo um líder do Deportivo Cali dentro de campo com toda sua vasta experiência. Além disso, se não possuir o vigor físico de 24 anos atrás, quando começou sua carreira, ainda tem talento e habilidade de sobra debaixo das traves. Não à toa foi convocado pelo treinador Jose Pékerman com seus 43 anos incompletos para mais uma Copa do Mundo – provavelmente a sua última.

Pela seleção da Colômbia já são 21 anos de serviços prestados no gol, ou 54 partidas. Esteve nas Copas de 1994 e 1998 – esta última como titular. O provável goleiro que começará os jogos da equipe no próximo Mundial deve ser David Ospina, do Nice da França. Caso Mondragón entre em campo em alguma partida não só será o mais velho jogador convocado para uma Copa, como também será o mais experiente a atuar pela competição em todos os tempos.

Faryd Mondragón ainda não sinalizou se anuncia sua aposentadoria dos gramados após o torneio no Brasil, mas já deixou seu nome cravado na história do futebol. 

Abaixo, dados e estatísticas do jogador de 20 anos de Copa do Mundo.


* Nome: Faryd Camilo Mondragón Ali

* Nascimento: 21/06/1971 em Cali/COL

* Posição: Goleiro

* Clubes (11): Deportivo Cali (1990 a 1991 e 2012 até hoje), Real Cartagena (1992), Independiente Santa Fé (1992 e 1995), Cerro Porteño/PAR (1993), Argentinos Juniors/ARG (1993 a 1994), Independiente/ARG (1994 a 1995, 1995 a 1998 e 1999 a 2000), Real Zaragoza/ESP (1999), Metz/FRA (2001), Galatasaray/TUR (2001 a 2007), Colônia/ALE (2007 a 2010) e Philadelphia Union/EUA (2011)

* Títulos (6): Recopa Sulamericana (1995), Supercopa da Libertadores (1995), Campeonato Turco (2000/01 e 2005/06), Copa da Turquia (2004/05) e Superliga Colombiana (2014)

* Seleção colombiana: 54 partidas desde 1993.



Foto: Goal.com


terça-feira, 18 de março de 2014

O TORNEIO MAIS DEMOCRÁTICO DO BRASIL



Cruzeiro (2) e Grêmio (3): domínio da Copa do Brasil




Começou na semana passada mais um torneio no país, este sim com muita emoção e com certeza de casa cheia na maioria dos jogos. É a Copa do Brasil, considerada a competição mais democrática do país. E tal afirmação tem certo fundo de razão por envolver equipes de todos os estados brasileiros - do mais forte ao mais humilde, do mais rico ao com as economias mais abaladas, do mais conhecido ao mais obscuro. Outro motivo para essa certeza é o fato de que vários times de menor expressão terem surpreendido positivamente como veremos adiante. Neste torneio temos a oportunidade de conhecer clubes até então desconhecidos e ver alguns bons nomes surgirem na competição.

A Copa foi idealizada em 1989 pela CBF a fim de dar uma espécie de consolo para as federações de estados com menor tradição futebolística que haviam ficado de fora da reformulação do Campeonato Brasileiro dois anos antes. Nas edições anteriores a 1987 o Brasileirão tinha ao menos um representante de cada estado, até chegar ao número absurdo de 94 clubes em 1979.

A fórmula é simples e se assemelha às demais copas mundo a fora, com partidas em sistema eliminatório até a grande final. Até 1995 os jogos eram de ida e volta em todas as fases independente do resultado. A partir de então, até a segunda fase, caso o visitante vença o adversário por 2 ou mais gols de diferença nas partidas de ida não há a necessidade da realização do confronto de volta. Da terceira em diante os dois jogos são obrigatórios. 



O Flamengo/RJ é o atual campeão do torneio



Na edição de 2013 houve uma mudança significativa no número de participantes e do período de disputa da Copa do Brasil. Foram 86 times de todos os estados mais o Distrito Federal e incluindo novamente a participação das equipes que disputam a Taça Libertadores - desde 2001 tais times não entravam mais no certame por motivo de choque nas datas das competições. Além do mais aconteceu uma "esticada" no torneio até novembro. Em 2014 a fórmula será repetida e, como já é conhecido, seu vencedor garante vaga na Copa Libertadores da América do ano seguinte.

Como já dito anteriormente, boas surpresas são reservadas ao democrático torneio. Entre os grandes e expressivos clubes nacionais como Cruzeiro, Flamengo. Corinthians, Palmeiras, Fluminense, entre outros, alguns "intrusos" roubaram o troféu, como Criciúma/SC, Juventude/RS, Santo André/SP e Paulista/SP (todos eles com êxitos sobre times considerados grandes como Botafogo, Flamengo e Fluminense, respectivamente). Sem falar nos nobres "desconhecidos" até então Brasiliense/DF, XV de Novembro/RS e Linhares/ES, que chegaram bem perto. Por outro lado a Copa promove um contraste inusitado: o maior detentor de títulos internacionais e um dos maiores em solo nacional, o São Paulo, jamais conquistou a taça.

Alguns resultados surpreendentes também entraram para a história da competição e a tornam até hoje sempre atrativa, como a inesquecível vitória do inexpressivo Baraúnas/RN por 3 a 0 sobre o tradicionalíssimo Vasco da Gama em pleno São Januário em 2005, com direito a gol de Cícero Ramalho, atacante de 40 anos; além da desclassificação do Palmeiras para o ASA de Arapiraca em 2002 dentro do Parque Antártica apesar da vitória por 2 a 1 (os palmeirenses haviam perdido o primeiro encontro em Alagoas por 1 a 0), entre vários outros confrontos memoráveis.

O primeiro gol da história do torneio foi do flamenguista Alcindo, na vitória por 2 a 0 sobre o Paysandu em 1989. Já os maiores campeões são Grêmio e Cruzeiro, ambos com 4 conquistas. Os clubes que mais participaram foram Atlético/MG e Vitória/BA com 25 edições - no total de 26. Gérson, ex-atacante do Galo mineiro e do Internacional/RS foi o jogador que mais vezes se sagrou artilheiro da Copa do Brasil: 3 vezes (1989, 1991 e 1992). O atacante Fred é o maior artilheiro de uma única edição até hoje com 14 gols em 2005, quando atuava pelo Cruzeiro. Mais números você pode conferir no final desta postagem.

De norte ao sul do país a Copa do Brasil é um festival de cores, um desfile de jogadores diversos e, quem sabe, futuros ídolos da bola, dando uma pontinha de esperança às torcidas pelo país. E viva a democracia do futebol!

Abaixo, dados, estatísticas e recordes do torneio mais democrático do Brasil.


1989

* Campeão: Grêmio/RS
* Vice: Sport/PE
* Artilheiro: Gérson (Atlético/MG) - 7 gols

1990

* Campeão: Flamengo/RJ
* Vice: Goiás/GO
* Artilheiro: Bizu (Náutico/PE) - 7 gols

1991

* Campeão: Criciúma/SC
* Vice: Grêmio/RS
* Artilheiro: Gérson (Atlético/MG) - 6 gols

1992

* Campeão: Internacional/RS
* Vice: Fluminense/RJ
* Artilheiro: Gérson (Internacional/RS) - 9 gols

1993

* Campeão: Cruzeiro/MG
* Vice: Grêmio/RS
* Artilheiro: Gílson (Grêmio/RS) - 8 gols

1994

* Campeão: Grêmio/RS
* Vice: Ceará/CE
* Artilheiro: Paulinho McLaren (Internacional/RS) - 6 gols

1995

* Campeão: Corinthians/SP
* Vice: Grêmio/RS
* Artilheiro: Sávio (Flamengo/RJ) - 7 gols

1996

* Campeão: Cruzeiro/MG
* Vice: Palmeiras/SP
* Artilheiro: Luizão (Palmeiras/SP) - 8 gols

1997

* Campeão: Grêmio/RS
* Vice: Flamengo/RJ
* Artilheiro: Paulo Nunes (Grêmio/RS) - 9 gols

1998

* Campeão: Palmeiras/SP
* Vice: Cruzeiro/MG
* Artilheiro: Romário (Flamengo/RJ) - 7 gols

1999

* Campeão: Juventude/RS
* Vice: Botafogo/RJ
* Artilheiros: Petković (Vitória/BA) e Romário (Flamengo/RJ) - 8 gols

2000

* Campeão: Cruzeiro/MG
* Vice: São Paulo/SP
* Artilheiro: Oséas (Palmeiras/SP) - 10 gols

2001

* Campeão: Grêmio/RS
* Vice: Corinthians/SP
* Artilheiro: Washington (Flamengo/RJ) - 11 gols

2002

* Campeão: Corinthians/SP
* Vice: Brasiliense/DF
* Artilheiro: Deivid (Corinthians/SP) - 13 gols

2003

* Campeão: Cruzeiro/MG
* Vice: Flamengo/RJ
* Artilheiro: Nonato (Bahia/BA) - 9 gols

2004

* Campeão: Santo André/SP
* Vice: Flamengo/RJ
* Artilheiros: Alex Alves (Botafogo/RJ) e Dauri (XV de Novembro/RS) - 8 gols

2005

* Campeão: Paulista/SP
* Vice: Fluminense/RJ
* Artilheiro: Fred (Cruzeiro/MG) - 14 gols

2006

* Campeão: Flamengo/RJ
* Vice: Vasco da Gama/RJ
* Artilheiro: Valdiram (Vasco da Gama/RJ) - 8 gols

2007

* Campeão: Fluminense/RJ
* Vice: Figueirense/SC
* Artilheiros: André Lima (Botafogo/RJ), Victor Simões (Figueirense/SC) e Dênis Marques (Atlético/PR) - 5 gols

2008

* Campeão: Sport/PE
* Vice: Corinthians/SP
* Artilheiros: Edmundo (Vasco da Gama), Wellington Paulista (Botafogo/RJ) e Romerito (Sport/PE) - 6 gols

2009

* Campeão: Corinthians/SP
* Vice: Internacional/RS
* Artilheiro: Taison (Internacional/RS) - 7 gols

2010

* Campeão: Santos/SP
* Vice: Vitória/BA
* Artilheiro: Neymar (Santos/SP) - 11 gols

2011

* Campeão: Vasco da Gama/RJ
* Vice: Coritiba/PR
* Artilheiros: Alecsandro (Vasco da Gama/RJ), Adriano (Palmeiras/SP), Kléber (Palmeiras/SP), Rafael Coelho (Avaí/SP) e William Júnior (Avaí/SC) - 5 gols

2012

* Campeão: Palmeiras/SP
* Vice: Coritiba/PR
* Artilheiros: Luís Fabiano (São Paulo/SP) - 8 gols

2013

* Campeão: Flamengo/RJ
* Vice: Atlético/PR
* Artilheiros: Hernane (Flamengo/RJ) - 8 gols



RECORDES

* Times mais vezes campeões: Grêmio/RS e Cruzeiro/MG (4 vezes)

* Times que mais participaram: Atlético/MG e Vitória/BA (25 vezes)

* Jogador que mais vezes marcou gols: Romário (36 gols)

* Maior artilheiro de uma edição: Fred (14 gols em 2005)

* Jogadores que mais atuaram na competição: Carlos Miguel e Zinho (71 jogos)

* Maior goleada da história: Atlético/MG 11 X 0 Caiçara/PI, no dia 28 de fevereiro de 2011 em Belo Horizonte/MG

* Maior placar agregado da história: Internacional/RS 15 X 1 Ji-Paraná/RO (6 X 0 e 9 X 1) em 1993

* Maior público: 101581 pessoas (Botafogo/RJ 0 X 0 Juventude/RS, no dia 27 de junho de 1999 no estádio do Maracanã, Rio de Janeiro)




Fotos 1, 2 e 3: Autores desconhecidos
Foto 4: Já é Notícia

domingo, 16 de março de 2014

DE PAI PRA FILHO II


Feito histórico: o agora ex-jogador Rivaldo atuando ao lado de seu filho Rivaldo Júnior




Mais um craque anunciou sua despedida dos gramados. Neste sábado o agora ex-meia Rivaldo anunciou sua aposentadoria aos 41 anos de idade e daqui por diante seguirá com sua carreira de cartola dirigindo o Mogi-Mirim, clube que o revelou para o Brasil e no qual também fez sua última partida.

Rivaldo Vítor Borba Ferreira, nascido em Paulista/PE em 19 de abril de 1972 ganhou o mundo da bola nos anos 90 e começo dos 2000. Começou sua carreira no Santa Cruz de Pernambuco, mas seu nome veio aparecer de verdade no Mogi Mirim, time que ficou famoso como o "Carrossel Caipira" em 1992 juntamente com os meias Leto e Válber. 

Passou com brilho por Corinthians, Palmeiras, Deportivo La Coruña, Barcelona e seleção brasileira. Neste período faturou uma Copa do Mundo e o título de melhor jogador do planeta em 1999. Outras passagens foram mais discretas como no Milan e no Olympiakos da Grécia, apesar de também ser ídolo por lá. Já o final de carreira foi um tanto melancólico com atuações por times obscuros ou de menor expressão (à exceção do São Paulo, obviamente) como Bunyodkor do Uzbequistão, Kabuscorp de Angola e São Caetano.

Mas Rivaldo não colecionou apenas jogadas geniais, brilho, belos gols e troféus. Justamente em sua última partida conseguiu um feito histórico e que muitos atletas sonham com ele: o de atuar com seu filho em uma partida. Aconteceu justamente na última de sua carreira de 22 anos dentro dos gramados contra o São Bernardo pelo Campeonato Paulista deste ano em 18 de fevereiro no empate por 1 a 1. O pai chegou a dar um passe para o filho Rivaldo Júnior, atacante de 18 anos, mas que não resultou em nada.

Confira abaixo o momento em que o fato histórico ocorreu.





Outro caso famoso, e já contado aqui no blog, aconteceu com a estrela islandesa Eiður Guðjohnsen, hoje atuando pelo Club Brugge/BEL, em 1996. O ex-atacante do Chelsea e do Barcelona não chegou a atuar junto com seu pai Arnór, mas ambos foram convocados para o mesmo jogo e o filho substituiu o pai no segundo tempo.

Por isso republicamos a postagem de 19 de outubro de 2007 que trata deste outro acontecimento incomum no futebol que uniu pai e filho numa mesma equipe.

Obs.: Com fotos e dados atualizados.



DE PAI PARA FILHO

Por Carlos Henrique



Arnór (1ª foto) e Eidur Gudjohnsen (2ª foto): pai e filho juntos no futebol




Nada deve ser mais emocionante para um pai que ver seu filho brilhar no esporte. Falando especificamente do futebol temos alguns bons exemplos de filhos que fizeram por merecer a alcunha do pai, tais como Domingos da Guia e seu filho Ademir, o croata Zlatko Kranjcar e seu filho Niko (recém técnico e jogador da Croácia na Copa de 2006, respectivamente), os italianos Cesare e Paolo Maldini, os uruguaios Pablo e Diego Forlán, entre outros.

Porém, nenhum deles chegou a ter, além da satisfação de ver o brilho de seus rebentos, a sensação que o islandês Arnór Gudjohnsen teve em sua carreira. Era a data de 24 de abril de 1996, Arnór começava mais uma partida como jogador da seleção islandesa. Com quase 35 anos e jogador do Örebro, da Suécia, o veterano viajara com seus companheiros para Tallin, na Estônia, para um amistoso contra a seleção local. Entretanto, poucos sabiam que no grupo de selecionáveis islandeses estava uma jovem revelação: Eidur Gudjohnsen, então com 17 anos e jogador do PSV Eidhoven, figurava no banco de reservas.

A alegria do papai Arnór já era imensa só com a presença do filho no banco, como se era de esperar. Mas o destino quis mais. O filho Eidur substituiu o próprio experiente pai no segundo tempo, entrando ambos assim para a história do futebol mundial como os únicos pai/filho a entrarem em campo vestindo a camisa da mesma seleção na mesma partida, apesar de não terem atuado juntos. O jogo terminou 3 a 2 para os islandeses e o pai deixou o seu. O gol, logicamente, foi dedicado ao seu filho, que o orgulha hoje envergando a camisa grená do poderoso Barcelona (editado: Depois do Barcelona, Gudjohnsen atuou por Monaco/FRA, Tottenham/ING, Stoke/ING, Fulham/ING, AEK Atenas/GRE, Cercle Brugge/BEL e atualmente Club Brugge/BEL).

Entretanto, nunca chegaram a jogarem juntos, pois o jovem Eidur Gudjohnsen teve um sério problema no tornozelo que o deixou parado por quase 2 anos. Arnór pendurou as chuteiras aos 40 anos, em 2001, sem o gostinho de jogar futebol profissional ao lado do seu filho.


Dados de ambos:

* Nome: Eiður Smári Guðjohnsen 

* Nascimento: 15/09/1978 em Reykjavík/ISL

* Posição: Atacante

* Clubes (13): Valur (1994 a 1995), PSV Eidhoven/HOL (1995 a 1997), KR Reykjavík (1998), Bolton/ING (1998 a 2000), Chelsea/ING (2000 a 2006), Barcelona/ESP (2006 a 2009), Monaco/FRA (2009 a 2010), Tottenham/ING (2010), Stoke City/ING (2010 a 2011), Fulham/ING (2011), AEK Atenas/GRE (2011 a 2012), Cercle Brugge/BEL (2012 a 2013) e Club Brugge/BEL (desde 2013)


* Títulos (14): KNVB Cup (1995/96), Supercopa da Holanda (1996), Campeonato Holandês (1996/97), FA Community Shield (2000 e 2005), Campeonato Inglês (2004/05 e 2005/06), Copa da Liga Inglesa (2004/05), Supercopa da Espanha (2006 e 2009), Campeonato Espanhol (2008/09), Copa do Rei (2008/09), Liga dos Campeões da Europa (2008/09) e Supercopa da UEFA (2009)

* Seleção islandesa: 78 convocações e 24 gols (de 1996 até 15/03/2014)


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* Nome: Arnór Guðjohnsen 

* Nascimento: 30 de abril de 1961 em Reykjavík/ISL

* Posição: Atacante

* Clubes (8): Vikingur (1978), Lokeren/BEL (1978 a 1983), Anderlecht/BEL (1983 a 1990), Bordeaux/FRA (1990 a 1992), Häcken/SUE (1993), Örebro/SUE (1994 a 1998), Valur (1998 a 2000) e Srjarnan (2001)

* Títulos (8): Campeonato Belga (1985, 1986 e 1987), Supercopa da Bélgica (1985, 1986 e 1987) e Copa da Bélgica (1988 e 1989)

* Seleção islandesa: 74 convocações e 14 gols  entre 1979 a 1997



Foto 1: Cláudio Versiani/CB/D.A Press
Foto 2: Sérgio Barzaghi/Gazeta Press
Foto 3: Yotufutbol.com
Foto 4: Daily Mail

terça-feira, 11 de março de 2014

INTERNACIONAL EM QUATRO DÉCADAS

 Jari Litmanen: a serviço de seu país em quatro décadas




Nos dias de hoje é cada vez mais improvável um jogador manter o alto nível ao ponto de ser convocado para a sua seleção nacional por 5, 10 ou 15 anos. E quando chegam a mais de 15 e até 20 ou mais anos? Aí sim vira um fato digno de nota. Poucos foram os que ultrapassaram tais números, mas nenhum outro conseguiu o feito do finlandês da foto acima.

Este jogador é Jari Litmanen, ex-meiocampista do Ajax, Liverpool e Barcelona e que ganhou quase tudo o que o um jogador profissional sonha disputar. O ex-atleta, afora os incríveis 21 anos de serviços prestados à sua seleção, é o único da história do futebol até hoje que detém a marca de atuar internacionalmente em quatro décadas distintas.

Nascido em Lahti, capital da região de Päijänne Tavastia na Finlândia, em 20 de fevereiro de 1971, a bola já estava no DNA do então garoto, pois seus pais eram jogadores profissionais de futebol no país. Seu pai, Olavi Litmanen, foi um meia de sucesso no Reipas Lahti e da seleção da Finlândia nos anos 60 e 70. Sua mãe, Liisa, também era futebolista do Reipas Lahti - atuava de líbero no time feminino nos anos 70 e também foi bem sucedida. Ou seja, "filho de peixe, peixinho é" como diz o conhecido ditado popular.

Tanto que aos 6 anos Litmanen já dava seus primeiros chutes no clube que revelou seus pais, o Reipas. Foram vários anos nas categorias de base sempre enchendo os olhos dos treinadores e olheiros com sua habilidade rara para um país com pouca expressão no futebol. Sua estreia como profissional se deu em 1987 na Liga Finlandesa. Mesmo com todo seu talento, o novato por pouco não começou sua carreira de forma melancólica, já que seu time terminou a competição em 10º lugar - uma acima dos rebaixados KePS Kemi e Koparit Kuopio.

Depois de 13 anos entre base e profissional no Reipas Lahti sua condição de grande jogador já merecia vôos mais altos, apesar de não ter conquistado nenhum título com o clube. Tanto que em 1991 assinou contrato com o HJK, maior time da Finlândia. Porém, sua relação com os azuis da capital durou apenas uma temporada em sua primeira passagem, mas de muito sucesso com seus gols e assistências, apesar do modesto 5º lugar da equipe na liga nacional. O MyPa foi o próximo destino de Litmanen, onde conseguiu seu primeiro título como jogador profissional em 1992 com a Copa da Finlândia.

Nesta decisão da Copa contra o FF Jaro, inclusive, havia um olheiro do poderoso Ajax de Amsterdã observando o então jovem e talentoso camisa 10 da equipe da cidade de Kouvola. Resultado final: 2 a 0 para Litmanen e companhia e um gol do astro finlandês que convenceu o holandês a contratar o jogador.

Apesar das ótimas recomendações, Jari Litmanen chegou ao Godenzonen para atuar entre os reservas - o treinador era o polêmico Louis Van Gaal. Entretanto, o meiocampista começou a ganhar seu espaço substituindo o ídolo local Dennis Bergkamp que sofreu uma contusão. O jogador não perdeu a oportunidade e agradou o técnico, que passou a utilizá-lo muitas vezes no time titular.

Com a saída de Bergkamp para a Internazionale de Milão em 1993, Litmanen ganhou definitivamente o posto de titular e não demorou para se tornar o principal jogador da equipe de Van Gaal nas próximas temporadas.



"Litti" na sua fase áurea com o Ajax




Jari Litmanen não só herdou a idolatria da torcida de Bergkamp como também sua camisa 10 e fez jus à mítica do número às costas. Retribuiu a confiança e expectativas de Van Gaal sendo artilheiro da Liga Holandesa na temporada 1993/94 com 26 gols. Não só ajudou o clube da capital a faturar o título nacional como foi eleito o jogador do ano no país.

Litti, como ficou conhecido, foi peça chave no tricampeonato holandês entre 1993 e 1996 e na conquista da Liga dos Campeões e do Mundial de Clubes em 1995. O meia cravou seu nome na história nesta ocasião tornando-se o primeiro jogador da Finlândia a ser campeão continental e mundial de futebol. Ainda ficou em 3º lugar na eleição do melhor jogador do mundo naquele mesmo ano.

Os anos passavam-se e a contribuição de Litmanen para o Ajax só crescia com seus números. Entretanto, um vilão viria começar a atrapalhar a trajetória do jogador: as constantes contusões. Não à toa também ficou conhecido como Homem de vidro tamanha sua facilidade de contrair lesões. Sua primeira passagem pelo Ajax terminou em 1999 com a ida de Louis Van Gaal para o Barcelona, que aproveitou a viagem e levou na bagagem o talentoso finlandês junto com outros holandeses como Bogarde, Kluivert, Ronald e Frank de Boer, Cocu e Reiseger. Foram 136 gols em 7 anos em Amsterdã, sendo 26 deles em competições europeias.

No Barcelona Jari Litmanen passou muito longe de reeditar as atuações genais dos tempos de Ajax, muito por conta das recorrentes contusões. Foram pouco mais de 20 jogos, apenas 3 gols em dois anos na Catalunha e nenhuma conquista. Com a saída de Van Gaal e a chegada de Llorenç Serra Ferrer no comando técnico dos Blaugranas em 2001 acabou definitivamente a estada do meiocampista no Campo Nou.

O caminho de Litmanen depois da Espanha foi a Inglaterra para atuar pelo Liverpool. Em Anfield Road chegou a ter boas atuações e aumentar sua galeria de troféus como a Liga Europa, a Supercopa da Europa e a FA Cup. Contudo, novamente o fantasma das contusões fazia uma marcação implacável no jogador, que ficou de fora em diversas ocasiões de partidas dos Reds. Desta forma clube e jogador acharam por bem acabar a relação em 2002 após uma temporada e incríveis cinco títulos pelo clube inglês.

Já diz o ditado que "o bom filho à casa torna", e eis que Jari Litmanen voltou a vestir a camisa alvirrubra do Ajax em 2002. A Holanda sempre foi o refúgio das grandes atuações do meia finlandês, tanto que foi fundamental para a excelente campanha do time na Liga dos Campeões na temporada 2002/03, quando chegou às quartas de finais, até voltar a sofrer com as insistentes lesões que o impediam de atuar no seu costumeiro alto nível. Por conta de sua passagem mais constante no departamento médico do que no campo de jogo, não teve seu contrato renovado em 2004. Assim Litmanen resolveu voltar para sua terra natal.

Voltando para a Finlândia, Litmanen foi recebido como um verdadeiro rei pela torcida do FC Lahti, clube oriundo do Reipas, que fundiu-se com o FC Kuusysi em 1996 para criar o novo clube. Tamanha a reverência que o jogador recebeu a alcunha de Kuningas Jari Litmanen, ou rei na língua finlandesa.

Após um ano no FC Lahti sua carreira começou a declinar em clubes de menor expressão na Europa como Hansa Rostock da Alemanha, Malmö FF da Suécia, Fulham da Inglaterra, retornando ao Lahti e, finalmente, encerrando a sua brilhante carreira aos 40 anos no HJK de Helsinque em 2011. Neste último conquistou o seu único título da liga finlandesa.



Camisa de Litmanen exposta no Museu do Esporte da Finlândia




Mas foi na carreira internacional que Litmanen chegou ao seu grande marco. Por jogar numa seleção com pouquíssima tradição no futebol ficou alijado de grandes competições como Eurocopa e Copa do Mundo. Tal dificuldade também pode ser observada em grandes jogadores como o galês Ryan Giggs, o liberiano George Weah, o norte-irlandês George Best, entre outros. Ainda assim conseguiu entrar para a história com a camisa da seleção da Finlândia.

Sua trajetória com os Huuhkajat (corujas, como é conhecida a seleção finlandesa) durou 21 anos como já citado. Porém, a diferença é que o período compreendeu-se entre 1989 a 2010 que o torna o único jogador da história a atuar por sua equipe nacional em quatro décadas diferentes. 

Sua estreia se deu com apenas 18 anos em outubro de 1989 contra Trinidad Tobago num jogo amistoso. Apesar de seu grande talento o primeiro gol só saiu quase dois anos depois numa partida diante de Malta. Em 1996 assumiu a braçadeira de capitão da equipe e só veio largá-la quando a deixou em 2010. Sua marca histórica de quatro décadas diferentes defendendo a Finlândia foi alcançada em 19 de janeiro de 2010 na derrota por 2 a 0 para a Coréia do Sul em jogo amistoso. Sua última atuação, e último gol, pela seleção aconteceu na goleada por 8 a 0 contra San Marino em 17 de novembro do mesmo ano pelas eliminatórias da Eurocopa 2012. Nesta mesma partida chegou a outra marca: o de jogador mais velho da Finlândia e da história da fase qualificatória para o torneio continental a balançar as redes.

Ao todo pela Finlândia foram 32 gols em 137 jogos que o colocam como o maior artilheiro e jogador que mais vestiu a camisa finlandesa em todos os tempos.

Abaixo, dados e estatísticas do craque finlandês que reinou absoluto nos gramados durante quatro diferentes décadas.


* Nome: Jari Olavi Litmanen

* Apelidos: Litti, Kuningas

* Nascimento: 20 de fevereiro de 1971 em Lahti/FIN

* Posição: Meia-atacante

* Clubes (10): Reipas Lahti (1987 a 1990), HJK Helsinki (1991 e 2011), MyPa (1992), Ajax/HOL (1992 a 1999 e 2002 a 2004), Barcelona/ESP (1999 a 2001), Liverpool/ING (2001 a 2002), FC Lahti (2004 e 2008 a 2010), Hansa Rostock/ALE (2005), Malmö/SUE (2005 a 2007) e Fulham/ING (2008)

* Títulos (18): Copa da Finlândia (1992 e 2011), Campeonato Holandês (1993/94, 1994/95, 1995/96 e 1997/98), KNVB Cup (1992/93, 1997/98 e 1998/99), Liga dos Campeões da Europa (1994/95), Supercopa da Europa (1995 e 2001), Mundial Interclubes (1995), Copa da UEFA (2000/01), FA Cup (2000/01), Copa da Liga Inglesa (2000/01), FA Community Shield (2001), Campeonato Finlandês (2011)

* Seleção Finlandesa: 32 gols em 137 partidas entre 1989 e 2010

* Principais honras pessoais: Jogador finlandês do ano (1990, 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998 e 2000), Jogador do ano na Holanda (1993), Artilheiro do Campeonato Holandês (1993/94) e Artilheiro da Liga dos Campeões da Europa (1995/96)



Fotos 1 e 3: Autor desconhecido
Foto 2: Fred Ernst/AP