sexta-feira, 4 de março de 2011

A FAMÍLIA KADAFI E O FUTEBOL

 
Kadafi: família dentro do futebol





Estamos acompanhando nos últimos dias vários conflitos violentos em muitos países de língua árabe na África e na Ásia. Destes os casos mais noticiados são os do Egito e da Líbia. No primeiro a situação já está mais calma após a renúncia do então presidente Hosni Mubarak no mês passado; já no segundo o caos ainda ronda o país com os constantes protestos contra o ditador Muamar Kadafi, no poder há mais de 40 anos. 

Mas você deve estar se perguntando: o que tem a ver os conflitos na África e Ásia com o futebol?! E eu respondo: existe uma curiosidade bastante interessante envolvendo a família do mandatário líbio com o mundo da bola, conforme vamos conhecer a partir de agora.

A Líbia é um país localizado no norte da África, banhado pelo Mar Mediterrâneo e com cerca de 7 milhões de habitantes distribuídos em uma área de aproximadamente 1,76 milhão de km². O futebol por lá ainda é um esporte pouco desenvolvido, cujos clubes não possuem tanta tradição como, por exemplo, os dos vizinhos egípcios. Entretanto a família do ditador Kadafi já se enveredou pelo mundo futebolístico dentro e fora dos gramados. O filho mais velho de Muamar, Al-Saadi, já foi um obscuro jogador com passagens estranhas pelo futebol italiano.

Al-Saadi al-Gaddafi nasceu em Trípoli, capital líbia, em 28 de maio de 1973. Como todo filho de ditadores nasceu em berço de ouro cercado de regalias, mas despertou sua paixão por esportes logo cedo. Mesmo com o gosto pela prática esportiva nunca demonstrou muita habilidade em nenhuma modalidade. O futebol, contudo, sempre foi o seu favorito, tanto que não só era torcedor como passou a atuar profissionalmente. 

Em 2000 começou sua carreira profissional de atacante pelo Al-Ahly Trípoli e no ano seguinte já vestia a camisa do Al-Ittihad da mesma cidade, já que havia comprado o clube. Com o poder do país nas mãos de seu pai Muamar Kadafi, Al-Saadi foi convocado para a seleção nacional ainda em 2000, digamos que mais por meio de “influências” que pelo sua qualidade dentro das quatro linhas. Como se não bastasse logo foi alçado ao posto de capitão da equipe nacional. Com seu destempero e suas atuações ruins, contudo, colecionou demissões de técnicos, entre eles o argentino Carlos Bilardo, auxiliar de Diego Maradona no comando da Argentina na Copa 2010. Outro treinador, o italiano Franco Scoglio, certa vez deixou de convocar “o filho do dono do time” para dois jogos. Pressionado, chamou Al-Saadi para a partida seguinte, mas o deixou no banco. Foi o suficiente para ser solenemente "convidado" a deixar o comando líbio.

Pelos Tehaa até que não foi tão mal assim, marcando 20 gols em poucos mais de 70 partidas durante as 3 temporadas que por lá atuou - e ainda levantou dois troféus. Só que o mais estranho vem agora. 

No ano de 2002 Muamar Kadafi resolveu investir seu dinheiro no futebol após 20 anos torrando cifras com armamentos. Comprou dos patriarcas da família Agnelli, proprietária da montadora FIAT, 7,5% da ações da poderosa Juventus de Turim, maior campeão italiano da história. Nesta época Kadafi cogitou a entrada o filho no time principal da Vecchia Signora, mas a tentativa foi frustrada. Ainda em 2002 tentou comprar 20% do clube, mas não obteve sucesso na negociação. Porém conseguiu comprar a Triestina por módicos US$ 4 milhões no mesmo período e chegou a firmar uma parceria de US$ 600 mil anuais com a Lazio para que o Al-Ittihad treinasse em suas instalações. O brasileiro São Paulo também fez parte dos rols de "agraciados" com a visita do filho de Kadafi. Em 2003 o mesmo clube esteve no CT tricolor para um amistoso contra os reservas sãopaulinos e empatou por 1 a 1. Após a partida o atacante africano recebeu de presente uma camisa 9 do time brasileiro com seu nomes às costas pelas mãos do ex-centroavante Careca.

Al-Saadi, entretanto, acertou sua ida para o modesto Perugia, então na primeira divisão da Itália, numa transação que provavelmente envolveu muito mais pelo tamanho da conta bancária da família que por suas habilidades técnicas. Mas a aventura do líbio na região da Umbria não foi das melhores: após 2 temporadas e apenas uma única partida deixou a equipe, que ainda foi rebaixada para a Serie B, após ser pego no exame antidoping

Mas enganou-se quem chegou a pensar que a passagem de Al-Saadi pela Itália acabou por aí. A Udinese, que um dia já comportou o genial Zico em seus quadros, contratou o obscuro atacante - novamente de olho no bolso do "recém-contratado". Mais uma temporada, ínfimos 10 minutos jogados contra o Cagliari e outra saída pela porta dos fundos.

Volta pra casa?! Que nada... Ainda tinha mico para o filho de Kadafi pagar! E a Sampdoria entrou nessa. Mas em Gênova Al-Saadi sequer entrou em campo na temporada 2006/07. A essa altura com 34 anos e tendo atuado por 6 na seleção da Líbia e marcado 2 gols, finalmente pôs fim às frustrações futebolísticas e retornou ao seu país natal para encerrar a carreira. 

Depois da sua nada memorável passagem dentro dos gramados o agora ex-atacante líbio está atuando em outros ramos. Chegou a comandar a Federação de Futebol da Líbia e hoje, enquanto seu pai Muamar Kadafi sofre com os intensos protestos contra o seu governo,  é o presidente do Comitê Olímpico Líbio e investe em Hollywood. Al-Saadi adquiriu uma produtora que está financiando um filme com o ator Mickey Rourke (astro de "Sin City", "O lutador" e "Os mercenários") e deve ainda colocar o infindável dinheiro da família em mais 20 produções nos próximos anos.

Abaixo, dados e estatísticas do "filho do chefe" pagador de mico líbio. 


* Nome: Al-Saadi al-Gaddafi (em árabe: الساعدي معمر القذافي) 

* Nascimento: 28 de maio de 1973 em Tripoli/LBA 

* Posição: atacante 

* Clubes (5): Al-Ahly Tripoli (2000 a 2001), Al-Ittihad Tripoli (2001 a 2003), Perugia/ITA (2003 a 2005), Udinese/ITA (2005 a 2006) e Sampdoria/ITA (2006 a 2007)

* Títulos (4): Copa da Líbia (2000),  Super Copa da Líbia (2002 e 2003) e Campeonato Líbio (2002) 

* Seleção líbia: 18 jogos e 2 gols entre 2000 a 2006

Foto 1: AP
Foto 2: AFP 

2 comentários:

Francisco De Laurentiis disse...

Que tal você dar crédito ao iG Esporte, que foi de onde você copiou a matéria? Alguns trechos, inclusive, não teve nem o trabalho de mudar. O jornalista agradece.

Carlos Henrique disse...

Prezado Francisco,

Aceito com naturalidade e alegria sua crítica, mas se eu for dar crédito a todos os locais que pesquiso metade dos meus posts serão só pra isso.

Na publicação em questão não nego que vi a matéria da iG Esportes e tirei alguns dados da mesma, mas não reconheço esses trechos que você citou que eu "copiei". Se você acha que usar alguns termos ou assuntos que coincidem com o que está publicado na matéria do portal é copiar, então vamos reclamar dos vários veículos por aí a fora.

Eu coleto sim as informações e faço o texto com o que coletei, mas com minhas palavras de acordo com o que pesquisei. E o iG Esportes sem dúvida me ajudou muito, assim como várias outras fontes.

Agradeço a atenção!

Saudações!

Carlos Henrique
Editor.