Soriano: "cavalheiro" ídolo de La Máquina do River Plate
Esta semana foi mesmo negra para os ídolos passados do futebol, principalmente aqueles que tinham ótima conduta dentro e fora dos gramados. Na segunda, dia 21, faleceu o ex-lateral esquerdo tcheco Ladsilav Novák, conforme foi contado aqui. Já ontem, dia 22, o mundo futebolista ficou um pouco mais empobrecido com a morte do ex-goleiro peruano José Soriano prestes a completar 94 anos - um pioneiro embaixo das traves, que foi ídolo do River Plate nos anos 40. Ambos, curiosamente, tinham o apelido de “Cavalheiro” por terem sido exemplos de classe em suas carreiras.
José Eusébio Soriano Barco nasceu em Chiclayo, localizada no noroeste do Peru, em 19 de abril de 1917 e como boa parte dos jogadores da época começou a atuar no futebol tardiamente - apenas os 23 anos. Sua carreira teve início no modesto Alfonso Ugarte de Chiclín, clube da cidade de Trujillo que sequer disputava a divisão de elite do futebol peruano. Tamanha a sua habilidade no gol que apesar de não atuar entre os melhores times do Peru foi convocado para a seleção nacional para a disputa do Sul-americano (hoje Copa América) de 1942. Com atuações convincentes, principalmente diante da Argentina mesmo a derrota de sua equipe por 3 a 1, Soriano chamou a atenção do argentino Banfield, para onde rumou ao término do torneio continental.
Soriano era um goleiro ágil, frio, elástico e dono de um grande reflexo, por isso mesmo não demorou a se destacar na meta do Taladro, inclusive diante dos podersos River Plate e Boca Juniors. Por isso mesmo mais uma vez despertou interesse de um clube maior e uma temporada mais tarde, em 1944, mesmo sem levantar nenhum troféu com o Banfield, vestiria a camisa dos Millonarios, onde se consagraria definitivamente.
Afora as habilidades já citadas, José Soriano foi um dos primeiros arqueiros a atuar afastado da trave, o que acabou influenciando seu então companheiro de posição no River Amadeo Carrizo, e futuramente inspirado outros goleiros como Hugo Gatti e René Higuita a seguirem seus passos.
No River Plate Soriano atingiu seu auge na equipe que ficou conhecida como La Maquina, que encantou os torcedores argentinos e fez história no futebol local com grandes nomes no plantel como Labruna, Lostau, Pedernera, Moreno e Rossi, além do próprio goleiro é claro. Por sua classe e liderança entre todos os que compunham a equipe, logo ganhou a braçadeira de capitão dos Gallinas e o respeito de todos os jogadores, que o chamavam carinhosamente de Don José. A imprensa também se rendeu ao talento e à forma com que José Soriano lidava com todos e o brindou com o apelido de “O cavalheiro do esporte”.
Ganhou o Campeonato Argentino em 1945, neste que foi seu único título em sua carreira, mas suficiente para torna-lo um dos grandes ídolos da torcida do River. Ainda em 45 recebe uma proposta de dirigentes argentinos para se naturalizar e, assim poder passar a defender a Albiceleste - àquela época a FIFA não havia ainda restringido as naturalizações no futebol como nos dias de hoje. Entretanto o convite foi recusado por Soriano, que preferiu continuar fiel à sua pátria (foram 5 convocações).
Em 1947 transferiu-se para o modesto Atlanta Club, do bairro de Villa Crespo em Buenos Aires, juntamente com seus colegas Strembel, García e Pedernera. A diretoria do time pretendia montar uma grande equipe para brigar de igual para igual com os grandes River e Boca. Porém, mesmo com toda a qualidade desses jogadores juntas, a equipe fracassou e foi rebaixada para a segunda divisão.
Ao final da temporada Soriano recusou propostas milionárias de clubes colombianos, na época do “Eldorado Colombiano” em que clubes contratavam grandes estrelas do futebol sul-americano para formarem verdadeiros esquadrões, cujos campeonatos que disputavam não eram reconhecidos pelas entidades. Assim encerrou sua carreira dentro dos gramados precocemente, aos 30 anos, e dedicou-se a partir de então a defender os direitos trabalhistas dos jogadores, chegando a presidir a Agremiação dos Futebolistas Argentinos por muito tempo.
Apesar de não ter atuado em nenhum clube peruano de primeira divisão, José Soriano é considerado um dos maiores goleiros da história do país. No River Plate também tem lugar de destaque entre os 10 melhores estrangeiros que já vestiram a camisa alvirrubra.
Soriano estava internado no Sanatório de la Trinidad na capital argentina há alguns dias após sofrer uma queda que fraturou seu quadril e faleceu nesta terça-feira vítima de complicações decorrentes de uma cirurgia aos 93 anos. E assim como Ladislav Novák, deixou um exemplo de dedicação, talento, lealdade e classe para os futuros atletas.
Abaixo, dados e estatísticas de mais um jogador “cavalheiro” que nos deixa.
* Nome: José Eusébio Soriano Barco
* Nome: José Eusébio Soriano Barco
* Nascimento: 19 de abril de 1917 em Chiclayo/PER
* Apelido: Cavalheiro do esporte
* Posição: goleiro
* Clubes (4): Alfonso Ugarte de Chiclín (1940 a 1942), Banfield/ARG (1942 a 1943), River Plate/ARG (1944 a 1946) e Atlanta Club (1947)
* Título (1): Campeonato Argentino (1945)
Foto 1: Autor desconhecido
Foto 2: Sport-Arica
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