Eusébio, o Pantera Negra: maior nome do futebol português
O futebol mundial perdeu neste domingo, dia 05, mais um de seus geniais artistas. Morreu em Lisboa, vítima de uma parada cardiorrespiratória aos 71 anos, o ex-atacante português Eusébio, mais conhecido como Pantera Negra, ídolo máximo do Benfica e da seleção lusa. Fez história ao liderar o alvirrubro lisboeta ao título europeu em 1961/62 e Portugal ao honroso 3º lugar na Copa do Mundo 1966, quando foi seu artilheiro com 9 gols.
Eusébio da Silva Ferreira é natural de Moçambique, nascido a 25 de janeiro de 1942 em Lourenço Marques, hoje Maputo, então capital da colônia portuguesa na África. Como a maioria dos garotos africanos, Eusébio gostava de jogar bola com seus amigos pelos campos de sua cidade. Tanto que em meados dos anos 50 o grupo de colegas formou o clube Brasileiros, em homenagem à seleção vice-campeã mundial de 1950.
O talento do atacante era latente e chamou a atenção de algumas pessoas ligadas ao futebol profissional de Moçambique. Tanto que foi levado para testes no Desportivo de Lourenço Marques, clube que era uma espécie de filial do Benfica de Portugal e que tinha em seu histórico a revelação para o mundo do meia Mário Coluna, ídolo português nos anos 50 e 60 e que, futuramente faria uma grande parceria nos gramados com Eusébio.
Contudo, a comissão técnica do Desportivo não se interessou pelo futebol do jovem jogador e o dispensou após a temporada de treinos. Eusébio então foi levado ao rival Sporting para mais testes e logo encantou os olheiros do time, trazendo o então promissor garoto para suas categorias de base em 1957.
Sua performance dentro de campo já demonstrava todo seu potencial para ser um gênio da bola. Tanto que um observador da poderosa Juventus de Turim já queria levá-lo para a Itália ainda em 1957. Entretanto, sua mãe Elisa Anissabeni não permitiu a sua ida para a Europa naquela ocasião.
Eusébio atuava tanto no time de baixo quanto no principal e assim ajudou o Sporting a conquistar o campeonato de Moçambique no ano de 1960, seu primeiro título dos vários que viria a conquistar como jogador de futebol. No clube foram impressionantes 77 gols e 43 jogos.
Outra vez o futebol brasileiro entraria na vida do atacante moçambicano: depois de observar as suas atuações durante uma excursão ao país, o então treinador da Ferroviária de Araraquara Bauer (ex-craque do São Paulo e da seleção brasileira convidou Eusébio para jogar no São Paulo, ideia refutada pelo atleta.
Quem teve a imensa sorte de contar com o futebol do futuro craque foi o Benfica de Portugal, clube de infância de Eusébio e onde jogava seu ídolo Coluna. Porém, sua contratação pelos Águias foi bastante conturbada, tendo em vista o Sporting de Lourenço Marques ser uma espécie de filial do homônimo português e maior rival dos Encarnados do Estádio da Luz. Daí o alviverde de Lisboa pretendia levar o jogador como júnior e os benfiquistas apelaram para a sua mãe com dinheiro a fim de que o jogador vestisse a camisa vermelha - e assim aconteceu. Tal episódio criou um mal estar entre os dois adversários da capital.
Com a camisa do Benfica Eusébio atuou por 15 anos e consagrou-se de vez. O fã ultrapassou o ídolo (Mário Coluna) e tornou-se o maior jogador da história do clube e do país em todos os tempos. O mínimo para quem durante todo esse período marcou 638 gols em 614 jogos - média impressionante de mais de um por partida - e faturou quase 20 títulos entre Liga e Copa Portuguesa e torneios europeus. Além de inúmeros prêmios individuais de artilharia (entre elas 3 de Copa dos Campeões da Europa) e melhor jogador de torneios.
Em 1975 deixou o clube que o elevou aos maiores patamares que um atleta do futebol pode levar e, aos 33 anos, o Pantera Negra foi se aventurar em solo norte-americano para atuar por Boston Minutemen e Toronto Metros, com uma rápida passagem pelo mexicano Monterrey entre os dois. No clube canadense teve sua última grande atuação na carreira marcando 18 gols na Liga dos Estados Unidos e faturando o título. Em 1976 voltou para Portugal e assinou com o modesto Beira-Mar. Mas aos 34 anos o físico já não ajudava o craque de chute certeiro e habilidade descomunal. Muitas lesões começavam a acompanhá-lo e prejudicavam suas exibições.
Em 1977 retornou para a América do Norte e até 1980 ainda vestiu a camisa do Las Vegas Quicksilvers, do New Jersey Americans e do Buffalo Stallions, com uma rápida volta ao futebol de seu país na segunda divisão com o União de Tomar. Aos 38 anos o Pantera Negra encerrava sua brilhante passagem pelos gramados e deixava um enorme legado para o esporte.
Pela seleção de Portugal, Eusébio (que por ter nascido em colônia lusitana tinha direito à cidadania portuguesa) marcou época em sua passagem de 12 anos entre 1961 e 1973. Estreou na seleção das Quinas diante de Luxemburgo na surpreendente derrota por 4 a 2 no dia 8 de outubro em partida válida pelas Eliminatórias para a Copa de 1962. E já no seu jogo inicial deixou sua marca.
Mas foi no Mundial de 1966 que Eusébio entraria de vez para a galeria dos grande gênios do futebol. Na Inglaterra o Pantera só não fez chover e liderou Portugal rumo ao 3º lugar logo na estreia do país na competição. De quebra foi o artilheiro do torneio com 9 gols e fez parte da seleção dos melhores jogadores da Copa.
Depois de pendurar as chuteiras, Eusébio sempre esteve ligado ao Benfica e à seleção portuguesa, equipes que foram marcantes em sua rica trajetória como jogador. Uma estátua em tamanho natural foi erguida no Estádio da Luz, mostrando a idolatria do povo lusitano ao seu craque maior. Porém, sua saúde começou a sofrer com problemas vasculares a partir de 2007, quando deu entrada em um hospital em Lisboa. Desde então a hipertensão e o colesterol alto passaram a ser os grandes adversários do craque lusitano.
Em 2012, durante a Eurocopa na Ucrânia e na Polônia sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e foi socorrido para um hospital em Poznań, na Polônia. Recuperado, passou a ter cuidados intensivos desde então.
Mas na madrugada do dia 04 para 05 de janeiro de 2014 uma parada cardíaca enquanto dormia em sua residência em Lisboa finalmente parou o atacante que tanto ultrapassava as barreiras que seus adversários defendiam nos gramados com tanta facilidade.
Eusébio receberá todas as homenagens possíveis durante seu funeral, que começará no Estádio da Luz ainda neste domingo, e que foi o palco principal de suas grandes façanhas com a bola nos pés. O Pantera Negra foi e é inspiração não só para os portugueses, mas para todos os torcedores ao redor do mundo. Um exemplo de caráter e grande dedicação ao esporte mais popular do planeta. Foi-se o homem, mas seu legado é imortal.
Abaixo, dados e estatísticas do maior jogador do futebol português - e um dos maiores da história.
* Nome: Eusébio da Silva Ferreira
* Apelido: Pantera Negra
* Nascimento: 25/01/1942 em Lourenço Marques/Moçambique (atual Maputo)
* Posição: atacante
* Clubes (10): Sporting de Lourenço Marques/MOC (1957 a 1960), Benfica (1960 a 1975), Boston Minutemen/EUA (1975), Monterrey/MEX (1975), Toronto-Metros/CAN (1975 a 1976), Beira-Mar (1976), Las Vegas Quicksilvers/EUA (1976 a 1977), União de Tomar (1977 a 1978), New Jersy Americans/EUA (1978 a 1979) e Buffalo Stallions/EUA (1980)
* Títulos (19): Campeonato Moçambicano (1960), Campeonato Português (1960/61, 1962/63, 1963/64, 1964/65, 1966/67, 1967/68, 1968/69, 1970/71, 1971/72, 1972/73 e 1974/75), Taça de Portugal (1961/62, 1963/64, 1968/69, 1969/70, 1971/72), Copa dos Campeões da Europa (1961/62) e Liga norte-americana (1976)
* Seleção portuguesa: 41 gols em 64 jogos entre 1961 e 1973
* Principais honras individuais: Jogador do ano na Europa (1965), Chuteira de Ouro da Europa (1968 e 1973), Bola de ouro da Copa do Mundo (1966) e "FIFA 100" (lista dos 125 maiores jogadores de todos os tempos promovida pela FIFA e escolhida por Pelé, o maior jogador da história)
Fotos 1 e 2: Autores desconhecidos
Foto 3: P. Fernandes
Um comentário:
muito bom o blog, adorei!
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