Certamente muitas das pessoas que acompanham o futebol no Brasil mal ou sequer sabiam da existência do volante Marcos Senna, que atuava discretamente com a camisa do São Caetano. Depois deste domingo, dia 29 de junho de 2008, essas mesmas pessoas que outrora pensavam ser mais um jogador com passagem apagada pelo esporte se renderam ao talento e ao marco histórico que esse meio-campista do Villareal da Espanha coroou.
Marcos Antônio Senna da Silva, nascido em 17 de julho de 1976 em São Paulo/SP, consagrou-se, após a vitória da Espanha sobre a Alemanha pela decisão da Eurocopa, como o primeiro sul-americano a levantar o troféu de campeão da Europa com uma seleção nacional na história da competição. Aliás, a final do torneio deste domingo já havia entrado para os registros históricos do futebol da América do Sul – especificamente do Brasil. Pois se não fossem os espanhóis os vencedores, do outro lado havia outro jogador brasileiro: o atacante Kevin Kuranyi, filho de pai de origem húngara e mãe panamenha e nascido no Rio de Janeiro/RJ (como curiosidade, Kuranyi é um atleta “globalizado”, visto que possui cidadanias brasileira, alemã, panamenha, húngara e croata – este último devido à sua esposa ser daquele país e pelos seus 2 filhos com ela).
Voltando para o brasileiro campeão da Europa com a Espanha, Senna iniciou sua trajetória futebolística no Rio Branco/SP, tradicional clube revelador de talentos no futebol brasileiro, em 1997. Depois transferiu-se para o América/SP em 1999 quando, após boas atuações com a camisa da equipe de São José do Rio Preto, vestiu pela primeira vez a camisa de uma equipe tradicional no país – o Corinthians. No Parque São Jorge foi apenas um ano de uma passagem discreta, mas com títulos importantes para o seu currículo: um Campeonato Paulista, um Brasileiro e um Mundial de Clubes da FIFA. Mesmo com esse currículo invejável para a maioria dos que se aventuram pelo futebol, Marcos Senna não foi bem aproveitado no clube corintiano e em 2001 assinou com o Juventude/RS. Mais um ano depois tentou a sorte no São Caetano/SP e após bons jogos com o Azulão viu a chance de ouro na sua carreira: atuar em um clube de porte médio/grande da Europa, o Villareal.
Desembarcou no Submarino Amarelo em 2002 e logo abraçou o meio-campo e não o largou mais. É titular indiscutível no atual vice-campeão espanhol e tem demonstrado um grande desenvolvimento em seu futebol com desarmes precisos, marcações cerradas e leais, uma ótima saída de bola e até arriscando alguns golzinhos. Tamanho seu sucesso e sua importância no time que hoje é um dos seus capitães, ao lado do meia espanhol Josico e do também meia francês Robert Pirès. Com El Submarino Amarillo já se vão 7 anos e ótimas campanhas na Espanha e na Europa (um 4º lugar na Liga dos Campeões 2005/06) e 2 títulos (simbólicos) – ambos da Copa Intertoto em 2003 e 2004.
Em 2006, sabedor das remotíssimas chances de vestir a camisa da Seleção Brasileira, conquistou a cidadania espanhola e o direito de poder atuar pela Fúria. Luis Aragonés, técnico da seleção e profundo admirador do futebol do meia, não perdeu tempo e o incluiu na lista de convocados para a Copa do Mundo daquele ano na Alemanha. Apesar da mediana participação espanhola no Mundial, Senna não teve seu prestígio abalado e continuou com moral dentro do grupo. Em 2008, convocado novamente agora para disputar a Eurocopa, com um futebol vistoso e de muita vontade e disciplina tática, levantou mais um troféu em sua carreira, abriu muitas portas para grandes clubes do continente - como a Juventus de Turim - sondarem sua contratação e, principalmente, mostrou-se para os fãs do mundo da bola que ainda não o conheciam ou não acreditavam no seu potencial.
Abaixo, dados e estatísticas do primeiro sul-americano se sagrar campeão europeu de seleções:
Marcos Antônio Senna da Silva
* Nascimento: 17 de julho de 1976 em São Paulo/SP
* Posição: Meio-campista (volante)
* Clubes (6): Rio Branco/SP (1997/99), América/SP (1999), Corinthians/SP (1999/2000), Juventude/RS (2000/01), São Caetano/SP (2001/02) e Villareal/ESP (desde 2002)
* Títulos (6): Campeonato Brasileiro (1999), Mundial de Clubes (2000), Campeonato Paulista (2001), Copa Intertoto (2003 e 2004) e Eurocopa (2008)
* Seleção Espanhola: 16 jogos e nenhum gol (desde 2006)
Foto 1: Top News
Foto 2: UOL Esportes
Um comentário:
Ha sido el "Di Stéfano" de la Selección Española
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