sábado, 29 de novembro de 2008

QUISERAM DESTRONAR O REI


Rei Pelé e Rainha Marta: quem merece a homenagem?





Na publicação de hoje vou fazer meio que um linha editorial, expondo minha opinião acerca de um assunto que chamou a atenção não só das pessoas que acompanham o futebol, mas de todo brasileiro de uma forma geral. E foi algo que expôs ao ridículo o meu estado de nascimento, Alagoas, como já se não bastassem todas as mazelas que lá habitam há décadas.

Há algum tempo o deputado estadual Temóteo Correa, do DEM/AL, teve uma bisonha idéia de enviar uma proposta à Assembléia Legislativa de alterar o nome do nacionalmente conhecido estádio Rei Pelé para Rainha Marta. Nesta semana o projeto foi aprovado por 15 votos a favor e 6 contra e a "desomenagem" a Pelé e precisava apenas da sanção do governador Teotônio Vilela Filho. O governante, entretanto, vetou a medida nesta sexta-feira em virtude do gesto de deselegância ao maior jogador de futebol da história e ao constrangimento que causaria à jogadora Marta, ícone maior do futebol feminino brasileiro. Ao menos aí um sopro de bom senso dentro da nossa política.

Eu quero deixar bem claro que nunca fui a favor do nome de Pelé na maior praça esportiva de minha cidade natal, Maceió, mas não é por isso que acho justo alterá-lo depois de 38 anos. Vale ressaltar que a homenagem foi prestada pelo então governador Lamenha Filho, que, inicialmente, iria dar o nome ao local. Porém renunciou ao batismo em favor do nome maior do nosso esporte, que na época era aclamado no mundo como "o rei do futebol" após a conquista do tricampeonato mundial com a Seleção Brasileira no México em 1970. Para mim o homenageado deveria ser uma pessoa que levou o nome de Alagoas para o mundo, como nosso Edivaldo Alves de Santa Rosa, o Dida, ex-jogador de CSA/AL e Flamengo/RJ e campeão mundial com o Brasil na Copa de 1958 (seu reserva na Copa era o próprio Pelé); ou então Zagallo, nascido em terras maceioenses e tricampeão do mundo à época também com a seleção. Entre tantos outros nomes, até não ligados ao esporte. Não faria um homenagem a uma pessoa que se negou a desfilar em carro aberto pelas ruas no dia da inauguração do estádio e nunca deu o menor valor ao local, à cidade e aos seus habitantes, sem contar que cobrou cachê para fazer a partida inaugural (segundo o próprio Pelé não foi ele próprio quem cobrou a quantia, mas o seu clube, o Santos/SP). Para mim o estádio Rei Pelé sempre foi e será o "Trapichão" (por se situar no bairro do Trapiche), nunca será tratado com o seu nome oficial de minha parte em conversas informais. Mas já que a besteira foi feita não vejo motivo plausível para tal falta de cortesia com Pelé.

E quanto à Marta? Ela não se pronuncia até a resolução do caso. Mas, creio eu, que ela não está nem um pouco confortável nem satisfeita com a situação. Ela merece todas as honras e homenagens do povo brasileiro e, principalmente, alagoano. Entretanto não é cometendo um desrespeito para com outro ídolo do nosso esporte que ela deverá ser lembrada para sempre pelos seus feitos heróicos. Se é de fazer uma homenagem à nossa melhor jogadora do mundo por duas vezes (muito justa) que construam um centro esportivo em alguma cidade de Alagoas que receba jovens carentes para a prática de esportes e o batizem com seu nome. Aí sim tenho certeza que uma justa lembrança à nossa grande jogadora será muito bem vinda pela mesma.

Além disso, enquanto a população alagoana em sua maioria clama por melhores condições de vida, como investimento em saúde, educação, segurança e infra-estrutura, nossos deputados recebem seus salários para pensarem em "projetos" como esse que em nada contribuem para o desenvolvimento do estado. Pelo contrário, só serviria para criar a antipatia do restante do povo brasileiro e ser motivo de chacota em nível nacional. E nessa balbúrdia toda nós, pagadores de impostos, sustentamos essas figuras para perpetuamente fingirem estar defendendo nossas causas e anseios. Pobres eleitores!

Abaixo, um pouco do histórico, dados e estatíticas do estádio Rei Pelé (Trapichão).


ESTÁDIO REI PELÉ (TRAPICHÃO)

* Inauguração: 25 de outubro de 1970

* Local: Maceió/AL

* Proprietário: Governo do Estado de Alagoas

* Capacidade: 26 mil pessoas (originalmente eram 46 mil espectadores)

* Jogo inaugural: Santos 5 X 0 Seleção de Alagoas (25 de outubro de 1970)

* Primeiro gol: Douglas (Santos/SP), em 25 de outubro de 1970.

* Dimensões do campo: 110m x 75m




Foto 1: Thiago Correa
Foto 2: G1

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