quinta-feira, 9 de abril de 2009

O CALDEIRÃO ARGENTINO

La Bombonera: a caldeira fervente do Boca Juniors





Bem, dando continuidade ao roteiro de minhas férias, conforme comentado na publicação anterior, vou hoje falar um pouco do lendário estádio argentino La Bombonera, do igualmente mítico Boca Juniors, clube mais tradicional do país.

O estádio localiza-se no também tradicional bairro portuário de La Boca, antigo reduto de operários de origem italiana. O Boca Juniors, antes de sua inauguração, atuava no Ricardo Etcheverry de propriedade do Ferro Carril Oeste. Com o crescimento de sua popularidade entre os argentinos após o início de suas conquistas gloriosas a partir de 1931, na era profissional, os dirigentes boquenses decidiram pela construção de sua própria arena. A idéia era erguer um monumento que fosse a cara do Boca Juniors, no coração de La Boca, e um grande caldeirão que amedrontasse qualquer oponente que por lá passasse. Em fevereiro de 1938 é lançada a pedra fundamental para o soerguimento do estádio Camilo Cichero, ex-presidente da equipe, seu primeiro nome.

Após 2 anos de obras, em 25 de maio de 1940, era inaugurado o estádio que iria transformar de uma vez por todas a história do Club Atlético Boca Juniors. Entretanto não era ainda chamado de "La Bombonera", como atualmente o conhecemos, devido a apenas dois lances de arquibancadas estarem prontos à época de sua abertura. A primeira partida foi no mesmo dia entre os anfitriões e o San Lorenzo, num confronto amistoso que reuniu quase 40 mil pessoas. A festa foi ainda maior após a vitória dos xeneízes por 2 a 0. O gol inaugural ficou por conta do atacante Ricardo Alarcón. Tamanha a força e identificação do estádio que, no mesmo ano, o clube auri-anil sagrou-se campeão argentino.

Os primeiros refletores foram inaugurados em 1952, o que possibilitou a realização de partidas noturnas. Por fim, em 1953, a construção do terceiro lance de arquibancadas, que finalmente evocaria o tradicional nome de La Bombonera (Caixa de bombons) por muito se assemelhar ao objeto devido ao ângulo reto das paredes externas do estádio e pelo ângulo bastante inclinado de suas arquibancadas, fazendo com que o público assista aos jogos praticamente em cima da linha lateral.

Até 1990 nenhuma tipo de ampliação do local pode ser realizada devido à existência da estação de trem Casa Amarilla logo em frente. Com sua desativação o estádio finalmente sofreu uma grande reforma e ganhou mais de 8 mil lugares, passando da antiga capacidade de 49 mil para 57395 espectadores em 1996. Além disso foi criado o "Museo de la passion boquense" (Museu da paixão boquense) e a loja oficial com produtos diversos com a marca do clube, hoje paradas quase que obrigatórias para turistas de todo o mundo - e até mesmo para aqueles que não acompanham futebol como cheguei a presenciar. Eu trouxe um porta-canetas no formato do estádio com uma caneta oficial do Boca.

Uma grande reforma estava prevista para a década de 70, quando da eleição de Alberto José Armando para a presidência do clube. Contudo a situação política da época na Argentina, que passava por regime ditatorial militar, impediu o sonho do cartola que lutou até as últimas instâncias pela expansão do patrimônio do Boca Juniors - em vão. Por seu esforço e dedicação, Armando recebeu a honra de ceder seu nome ao estádio, rebatizado no ano 2000.

Toda pintada nas cores do clube, La Bombonera transformou-se no grande caldeirão boquense, onde a inflamada torcida xeneíze proporciona um dos mais bonitos espetáculos durante as partidas do time em todo o planeta com cânticos diversos enquanto a bola role no gramado. Em um dos portões de entrada, pela Calle Brandsen, situam-se a loja de produtos oficiais e o museu do Boca Juniors, que possui fotos, artigos e recordações desde o ano de 1905 até a atualidade. Ainda dentro dele destacam-se a Sala da Fama e um enorme mural sobre o maior ídolo do futebol argentino de todos os tempos e ex-jogador e torcedor declarado do Boca Juniors Diego Armando Maradona. Aliás, o atual técnico da seleção portenha é idolatrado em todas as partes do estádio - seja ilustrado em pinturas, fotos, bustos e souvenirs vendidos na loja.

Em toda sua trajetória jogando em La Bombonera, o Boca Juniors é um adversário quase impossível de ser batido. Os números não mentem: desde 1940, na vitória sobre o San Lorenzo até a última partida jogada em casa pelo Torneo Apertura 2009 (05/04), quando enfrentou o Godoy Cruz e empatou por 1 a 1, foram 1363 jogos, com impressionantes 832 vitórias, 333 empates e apenas 197 derrotas. O Boca marcou 2719 gols e sofreu 1296, um saldo total bastante positivo que reafirma com louvor a importância e a aura mística do caldeirão na história do Boca.

Abaixo, dados da grande caldeira de La Boca.


* Nome: Alberto José Armando (originalmente Camilo Cichero) ou La Bombonera

* Inauguração: 25 de maio de 1940

* Cidade: Buenos Aires/ARG

* Proprietário: Club Atlético Boca Juniors/ARG

* Capacidade: 59375 espectadores (originalmente 49 mil)

* Dimensões: 105m X 64,7m

* Arquitetos: José Luis Delpini, Raúl Bes e Viktor Sulčič

* Primeira partida: Boca Juniors 2 X 0 San Lorenzo, em 25 de maio de 1940

* Primeiro gol: Ricardo Alarcón





Foto 1: Stadiumguide
Demais fotos: arquivo pessoal

Um comentário:

Ramon disse...

Estarei aí no fim do ano. Vencer aí é entrar pra história do futebol. É incrivelmente absurda vantagem que esse time tem dentro de casa, sem contar a torcida apaixonada. Prarabéns pelo post. Abraço!!!