domingo, 11 de abril de 2010

ÍDOLO EM DOIS RIVAIS

Evaristo de Macedo (indicado pela seta na foto 1): ídolo nos dois rivais da Espanha





A semana foi bastante movimentada no mundo do futebol, seja pelas decisões dos estaduais pelo Brasil, pelos jogos das quartas-de-finais da Liga dos Campeões da Europa e pelas retas finais dos campeonatos nacionais no Velho Continente - e um jogo especificamente foi bastante aguardado por se tratar de duas das maiores rivalidades do planeta e envolver uma constelação de estrelas em seus clubes. Barcelona e Real Madrid fizeram neste sábado o "Superclássico", que juntava astros da bola do nível de Lionel Messi, Thierry Henry, Xavi, Cristiano Ronaldo, Higuaín, Casillas, entre outros (Kaká não foi incluído por não ter participado do jogo devido à contusão muscular). Todos ídolos em seus clubes e reverenciados em suas cidades. Entretanto um jogador em especial é idolotrado tanto nas ruas de Barcelona como nas de Madrid, feito raríssimo quando se trata de uma rivalidade que ultrapassa os limites dos estádios. Estamos falando de Evaristo de Macedo, ex-atacante e treinador brasileiro que brilhou e conquistou títulos com as duas camisas como veremos a seguir.

Evaristo de Macedo Filho é carioca do Rio de Janeiro, nascido em 22 de junho de 1933. Começou a dar seus passos dentro do futebol nas categorias de base do Madureira em 1950, onde passou 2 anos. Seu talento era grande demais para o modesto clube do subúrbio da capital fluminense, tanto que o Flamengo logo o contratou e o fez tornar-se um dos maiores jogadores a vestir a camisa rubro-negra em sua história. Em suas duas passagens pela Gávea marcou 103 gols em 191 jogos. Fez parte do time histórico que foi tricampeão estadual em 1953, 54 e 55.

Em 1957 deixou o Rio de Janeiro rumo à Espanha para começar a trilhar sua trajetória de sucesso na terra das touradas. Chegou a Barcelona com a responsabilidade de ajudar o clube catalão a fazer frente ao já lendário Real Madrid de Puskas, Di Stéfano, Araquistáin, Gento, Kopa e companhia. No time foi imprescindível com seus 78 gols em 114 partidas nas conquistas de dois Campeonatos Espanhóis e três Copas da UEFA (atual Liga Europa). É o maior artilheiro brasileiro da história do Barça, superando estrelas do quilate de Romário, Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo.

Mesmo sendo um dos ídolos máximos da torcida Blaugraná, Evaristo envolveu-se numa transferência inusitada, indo parar no estádio Santiago Bernabéo em Madrid justamente no arquirrival. A mudança pegou os torcedores de surpresa e deixou os fãs Merengues com um pé atrás. Porém qualquer desconfiança a respeito de sua contratação foi por água abaixo. Ao lado de jogadores mágicos como os já citados Di Stéfano, Puskas, Santamaría e Gento, conquistou mais três ligas nacionais e se não marcou tantos gols como em passagens anteriores foi crucial com sua habilidade e poder de cooperação no ataque. Tornou-se então um ídolo dos dois lados rivais da Espanha, feito quase inalcançável historicamente falando. Deixou a Europa em 1965 para encerrar a carreira em seu clube onde se consagrou no Brasil - o Flamengo - até 1967.

Apesar de toda a sua qualidade como jogador nos times por onde jogou, Evaristo não teve a mesma sorte na Seleção Brasileira. Foram apenas 14 jogos entre 1955 e 1957, mas não deixou passar sua fama de goleador e marcou 8 vezes. Mesmo com sua curta passagem pelo selecionado entrou para a história ao anotar 5 dos 9 gols do Brasil diante da Colômbia em 1957, feito este que o tornou o maior artilheiro de uma partida da seleção.

Como treinador saboreou sucessos e fracassos em mais de uma dezena de equipes mundo a fora. Começou dirigindo o Bahia em 1970 e passou por Flamengo, Vasco, Grêmio, Fluminense, Cruzeiro, Corinthians, entre outros, além das seleções do Iraque, do Qatar e do Brasil entre 1985 e 1986. Foi campeão em vários estados, mas seus maiores feitos em terras brasileiras como técnico foram o surpreendente título nacional com o Bahia em 1988 e a conquista da Copa do Brasil em 1997 com o Grêmio. Encerrou definitivamente sua carreira dentro do futebol em 2007, aos 74 anos, dirigindo o pernambucano Santa Cruz.

Tamanha a idolatria dos dois lados arquinimigos espanhóis pelo brasileiro que em 2007 foi convidado ilustre para participar dos 50 anos do Camp Nou, o estádio do Barcelona. E neste ano também recebeu um convite da direção madridista para participar da eleição dos 100 maiores nomes da história do Real, além do que ele próprio está incluído nesta lista, que será escolhida por dirigentes, jogadores e torcedores (na ativa ou não). Talvez o torcedor brasileiro não tenha idéia de quem foi o ex-atacante Evaristo de Macedo, mas trata-se de um dos maiores jogadores de sua época e que conseguiu a proeza de ser motivo de apaziguação entre uma das rivalidades mais ferrenhas do planeta. E isso é um feito digno de se tirar o chapéu.

Abaixo, dados e estatísticas de Evaristo de Macedo, o ídolo em comum dos dois lados opostos da Espanha.


* Nome: Evaristo de Macedo Filho

* Nascimento: 22 de junho de 1933 no Rio de Janeiro/RJ

* Posição: atacante

* Clubes como jogador (5):
Madureira (1950 a 1952), Flamengo (1953 a 1957 e 1965 a 1967), Barcelona/ESP (1957 a 1962) e Real Madrid/ESP (1962 e 1965)

* Títulos como jogador (11):
Campeonato Carioca (1953, 1954 e 1955), Copa da UEFA (1958, 1959 e 1960), Campeonato Espanhol (1959, 1960, 1963, 1964 e 1965)

* Clubes/seleções como treinador (14):
Bahia (1970 a 1971, 1973, 1988 a 1989, 1995, 1998, 2000 a 2001 e 2003), Santa Cruz (1972, 1975, 1977, 1980 e 2007), América/RJ (1985), Seleção Brasileira (1985 a 1986), Seleção do Iraque (1986), Fluminense (1990), Grêmio (1990 e 1997), Cruzeiro (1991 a 1992), Seleção do Qatar (1992), Flamengo (1993, 1995, 1998, 2002 a 2003), Atlético/PR (1996 e 2005 a 2006), Vitória (1997 e 2003 a 2004), Corinthians (1999) e Vasco da Gama (2002)

* Títulos como treinador (15): Campeonato Baiano (1970, 1971, 1973, 1988, 1998 e 2001), Campeonato Pernambucano (1972, 1978, 1979 e 1980), Campeonato Brasileiro (1988), Campeonato Gaúcho (1990), Copa do Golfo Pérsico (1992), Copa do Brasil (1997) e Campeonato do Nordeste (2001)

* Seleção Brasileira como jogador: 14 jogos e 8 gols entre 1955 e 1957

* Honras pessoais: maior artilheiro brasileiro da história do Barcelona/ESP (78 gols), maior artilheiro da Seleção Brasileira em uma única partida (5 gols em 1957 contra a Colômbia)




Foto 1: Site oficial do Real Madrid
Foto 2:
Blaugranas
Foto 3: Zip.Net

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