Norberto "Tucho" Méndez: artilheiro máximo da Copa América
Conforme o post passado, no qual contamos um pouco da história de um dos maiores artilheiros da história da Copa América, o brasileiro Zizinho, nesta publicação vamos falar sobre o outro goleador máximo da competição, o argentino Norberto Méndez.
Ambos marcaram 17 gols em edições diferentes do troféu. Só que Méndez, ao contrário do ex-jogador do Flamengo e do Bangu, sagrou-se artilheiro da competição em 1945 com 6 tentos assinalados. Além do mais se levarmos em conta a média, o “hermano” leva vantagem sobre o rival do Brasil, já que enquanto “Mestre Ziza” atuou em 6 torneios, “Tucho” Méndez jogou em apenas 3 como vamos ver a partir de agora.
Desde muito jovem Norberto Doroteo Méndez, nascido quase nos limites entre os bairros de Nueva Pompeya e Parque Patrícios em Buenos Aires no dia 05 de janeiro de 1923, demonstrava toda sua categoria e faro de gol nas peladas entre amigos durante sua juventude. Não durou muito para que logo assinasse contrato com o Club Atlético Huracán, o clube do seu bairro e do seu coração, em 1940 com apenas 17 anos atuando ora como meio-campista, ora como atacante caindo pelo lado direito.
Méndez era fã confesso do centroavante compatriota Hermínio Masantonio, que já era ídolo no Huracán e que foi artilheiro do Campeonato Sul-americano de Seleções em 1937 e 1941. Para a jovem promessa seria uma honra dividir o ataque com seu ídolo, tanto que sempre observava Masantonio durante os treinamentos enquanto ainda não era escalado entre os profissionais do time considerado principal. Entretanto a honraria foi alcançada e em 13 de janeiro de 1941 o garoto Norberto Méndez iniciava sua trajetória de sucesso dentro do futebol portenho fazendo sua estréia na equipe “de cima” do Globo ao lado de seu grande astro Masantonio já causando furor com um gol marcado - numa vitória de 4 a 2 diante do Lanús pela terceira rodada do Campeonato Argentino.
Tamanho seu sucesso dentro do Huracán ao lado de Masantonio e Emílio Baldonedo, formando juntos o histórico trio ofensivo que ficou conhecido por “El Globito”, que foi chamado para a seleção argentina pela primeira vez em 1945 para a disputa do torneio continental realizado no Chile. Fez seu primeiro gol com a camisa Albiceleste na mesma competição, na qual seria seu artilheiro, diante da Colômbia - o terceiro na goleada de 9 a 1.
Em 1948, após 177 partidas e 67 gols, deixou a equipe de Parque Patrícios, onde fez enorme sucesso mesmo sem ter conquistado nenhum título de expressão nacional, para alçar vôos maiores. Assinou contrato com o Racing Club de Avellaneda e não decepcionou a torcida da “Academia” – muito pelo contrário. “Tucho” Méndez, como já era conhecido, foi peça chave na conquista do tricampeonato argentino pelo Racing entre 1949 e 1951 – os seus únicos títulos em nível de clubes. Aliás, essas foram as primeiras conquistas do time depois do advento do profissionalismo no futebol da Argentina e para o então treinador Guillermo Stábile, grande ídolo do passado da seleção nacional e que já havia comandado o atacante no selecionado nas conquistas sul-americanas de 1945, 1946 e 1947, tais êxitos só poderiam acontecer com a chegada de um jogador do nível de Norberto Méndez. Tanta era a admiração de Stábile pelo jogador que em muitas ocasiões, enquanto treinava a Argentina, o ex-artilheiro da Copa de 1930 deslocou o lendário José Manuel Moreno, um dos maiores jogadores da história do futebol local, da ponta-direita para a esquerda só para abrir espaço para “Tucho” atuar em sua posição que exercia com tanta maestria.
Em 1954 Méndez deixou o Racing para assinar com o modesto Club Atlético Tigre, onde não reviveu os grandes momentos de outrora e passou apenas duas temporadas com parcos 7 gols, número nada condizente com sua brilhante carreira de goleador. Por fim, em 1957, como diz o velho ditado que “o bom filho à casa retorna”, voltou para Parque Patrícios e assinou com seu time do coração Huracán, no qual começou sua trajetória de sucesso dentro do futebol. “Tucho” deu adeus ao futebol um ano depois, aos 35 anos, consagrado como um dos grandes artilheiros dos gramados argentinos.
Pela seleção argentina, conforme já citado, estreou em 1945 no Campeonato Sul-americano já levando o título da competição e sagrando-se artilheiro. Assim como em clubes, levantou um tricampeonato pela Albiceleste no torneio de seleções da América do Sul entre 1945 e 1947. Em 31 partidas no período entre 1945 e 1955, Méndez balançou as redes em 19 ocasiões - dentre esses, 17 foram em 3 edições da competição continental que participou, que o credencia ao lado do brasileiro Zizinho como maior goleador da história da disputa.
Depois da aposentadoria afastou-se um pouco do futebol, continuando apenas na torcida pelo seu querido Huracán. As artes como a dança e o cinema eram outra paixão do jogador. Era um intenso apreciador do tango e também era conhecido por ser um grande dançarino do ritmo. E na telona atuou em 1949 no filme “Con los mismos colores” do diretor Carlos Ríos no auge do seu sucesso nos gramados.
Infelizmente como muitos atletas do passado, principalmente aqui no Brasil, o surgimento de outros jogadores foi levando pouco a pouco ao esquecimento todo o rico legado deixado por “Tucho” Mendéz no futebol argentino, que faleceu em 22 de junho de 1998, aos 75 anos, num hospital geriátrico de Buenos Aires viúvo, pobre e desamparado por aqueles que um dia o aplaudiram, inclusive pelas pessoas que faziam o que ele citou como sua namorada (o Huracán), sua esposa (Racing) e sua amante (seleção).
Abaixo, dados e estatísticas de Norberto “Tucho” Méndez, o artilheiro máximo da Copa América.
* Nome: Norberto Doroteo Méndez
* Nascimento: 05 de janeiro de 1923 em Buenos Aires /ARG
* Posição: atacante
* Apelido: Tucho
* Clubes (3): Huracán (1940 a 1947 e 1957 a 1958), Racing (1948 a 1954) e Tigre (1955 a 1956)
* Títulos (6): Campeonato Argentino (1949, 1950 e 1951) e Campeonato Sul-americano de Seleções (1945, 1946 e 1947)
* Conquista individual: Artilheiro do Campeonato Sul-americano de Seleções de 1945 (6 gols)
Foto 1: Site "Se escucha Huracán"
Foto 2: El Gráfico
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