sexta-feira, 8 de julho de 2011

OS ARTILHEIROS DA COPA AMÉRICA I


 Zizinho: um dos goleadores da Copa América em todos os tempos




Estamos assistindo a 43ª edição de uma Copa América, que é realizada na Argentina, escassa de qualidade técnica e, sobretudo, de gols. Muito diferente do que se via no passado com jogos bem movimentados, desfiles de jogadores consagrados e uma chuva de bolas na rede. Até o final desta postagem (08/07/2011 às 21h30) foram 9 jogos e apenas 12 tentos, com uma média muito baixa de 1,33 gol por partida. O maior placar, até então, foi um 2 a 0 da Costa Rica sobre a Bolívia pela segunda rodada do Grupo A.

O torneio sul-americano de seleções já teve grandes artilheiros em destaque, como pode ser conferido no post anterior. Craques como Friedenreich, Pelé, Heleno de Freitas, Romano, Petrone, Scarone, entre outros, brilharam marcando gols e alcançando a artilharia máxima da competição. Três jogadores detêm até hoje o maior número de gols em um único campeonato continental na história: o brasileiro Jair da Rosa Pinto (1949), o argentino Humberto Maschio (1957) e o uruguaio Javier Ambrois (1957) com 9 gols cada um.

Entretanto os maiores goleadores da história da Copa América (antigo Campeonato Sul-americano de Seleções) são dois: o brasileiro Zizinho e o argentino Norberto Méndez, cada um com 17 gols marcados em edições diferentes do troféu. Vamos, a partir de agora, conhecer um pouco mais a respeito da carreira de ambos em duas partes. Na publicação de hoje trataremos de comentar sobre o ex-meia/atacante do Brasil e na próxima, sobre o artilheiro “hermano”.

Thomaz Soares da Silva, mais conhecido como Zizinho ou “Mestre Ziza”, nasceu em São Gonçalo/RJ em 14 de setembro de 1921, filho de Thomaz Silva e Eurídice Soares, e logo começou a despontar como craque nas categorias inferiores do clube Carioca e depois do Byron, ambos de Niterói. Em 1939 chegou a tentar um teste no América, mas não foi aceito pelo diretor Geraldo Costa Velho, e chegou a participar de alguns treinos pelo São Cristóvão, até que o treinador do Flamengo Flávio Costa o observasse e decidisse levar o futuro gênio para a Gávea.

O primeiro “teste de fogo” de Zizinho foi em um treino corriqueiro. Flávio Costa orientando os jogadores e vendo a movimentação dos atletas do lado de fora das quatro linhas como de costume, enquanto o garoto Thomaz observava grandes nomes como Leônidas da Silva (à época o maior craque brasileiro em atividade), Domingos da Guia (o “Divino Mestre”) e Valido correndo atrás da bola. No meio do treinamento o “Diamante Negro”, como era conhecido Leônidas, sofreu uma contusão e teve que sair de campo. O técnico então ordenou que jovem recém-chegado entrasse em campo com a imensa responsabilidade de substituir o atacante machucado. O “moço” de 18 anos não tremeu e logo em seu primeiro lance driblou a defensiva inteira adversária e marcou gol. Poucos minutos depois, em jogada semelhante, marcou outro, encantando Flávio Costa e convencendo-o a assinar contrato com a promessa. Levantou seu primeiro troféu de campeão naquele mesmo ano com a conquista do Campeonato Carioca.

Zizinho tinha facilidade para jogar tanto no meio de campo como no ataque e sempre se notabilizou pelo exímio domínio de bola, precisão nos passes e faro de gol. Não à toa, dada sua genialidade, logo foi chamado pelos companheiros de “Mestre Ziza”, honroso apelido que carregou até o fim de sua vida. Com a camisa do Flamengo foi um dos responsáveis pela conquista do primeiro tricampeonato estadual rubronegro em 1942, 1943 e 1944. Ainda em 1942 veio sua primeira convocação para a seleção brasileira para a disputa do Campeonato Sul-americano de Seleções, justamente o torneio que o consagraria como o seu maior artilheiro até hoje ao lado do argentino Méndez.

Atuou pelo clube da Gávea por 11 anos marcando 146 gols até sua polêmica transferência para o Bangu em 1950, às vésperas do Mundial daquele ano a ser realizado no Brasil. Tal transação deixou Zizinho e a torcida rubronegra bastante decepcionados com a diretoria flamenguista. Apesar da perda do título mundial com a seleção para o Uruguai, foi aclamado como melhor jogador da competição.

Pelo Bangu foram 6 anos demonstrando a mesma categoria de sempre, onde chegou a marcar 120 gols e tornando-se seu quinto maior artilheiro da história. Já veterano, com 36 anos, foi aventurar-se no São Paulo, mas a idade não o atrapalhou de ser peça fundamental na conquista do título paulista de 1957 com seus 24 gols. Nesta época surgia uma nova promessa do futebol: Pelé, que ainda jovem no Santos observava o experiente Zizinho regendo o tricolor em campo. Foi o bastante para que o futuro “rei do futebol” elegesse o “Mestre Ziza” como seu ídolo nos gramados até os dias atuais. Após sua passagem de um ano pelo São Paulo, Zizinho assinou contrato com o Uberaba/MG e um ano depois rumou para o Chile onde encerrou sua vitoriosa carreira no Audax Italiano em 1962, aos 41 anos de idade como jogador e treinador.


Pela seleção brasileira fez sua estréia em 17 de janeiro de 1942 com derrota para a Argentina por 2 a 1 pelo Campeonato Sul-americano de Seleções. Em 15 anos com o selecionado foram 54 jogos e 31 gols marcados, com dois títulos conquistados. Foi convocado para a fatídica Copa do Mundo de 1950, cujo time veio respaldado com a conquista do torneio continental no ano anterior e foi derrotado pelos uruguaios na já muito conhecida final no Maracanã – o Maracanazo. Além de maior artilheiro da história da Copa América, como já citado, com 17 gols ao todo, também é o recordista de partidas na competição ao lado do chileno Sérgio Livingstone com 34 no total, tendo disputado as edições de 1942, 1945, 1946, 1949, 1953 e 1957.

Após pendurar suas chuteiras no Chile, Zizinho retornou ao Brasil e passou a trabalhar como fiscal de rendas do estado do Rio de Janeiro até sua aposentadoria e estudava muito a respeito de táticas e sistemas de jogos. Tanto que escreveu alguns livros, como “Zizinho – o Mestre Ziza” e “Verdades e Mentiras no futebol”. Faleceu no dia 08 de fevereiro de 2002 em Niterói/RJ, aos 79 anos, vitimado por problemas cardíacos.

Mas para quem é reverenciado por nada mais, nada menos que o maior jogador de futebol de todos os tempos, Pelé, sua história continuará viva por muitos e muitos anos como exemplo de uma carreira vitoriosa com classe, técnica e faro de gol.

Na próxima postagem contaremos a história do outro artilheiro da Copa América: o argentino Norberto Méndez.

Abaixo, dados e estatísticas do “Mestre Ziza”, o ídolo de Pelé.

* Nome: Thomaz Soares da Silva

* Nascimento: 14 de setembro de 1921 em São Gonçalo/RJ

* Posição: meia/atacante

* Apelidos: Zizinho e Mestre Ziza

* Clubes (5): Flamengo (1939 a 1950), Bangu (1950 a 1956), São Paulo (1956 a 1957), Uberaba (1958 a 1959) e Audax Italiano/CHI (1960 a 1962)

* Títulos (7): Campeonato Carioca (1939, 1942, 1943 e 1944), Copa Rocca (1945), Campeonato Sul-americano de Seleções (1949) e Campeonato Paulista (1957)

* Seleção Brasileira: 54 jogos e 31 gols entre 1942 e 1957

* Conquistas individuais: Melhor jogador da Copa do Mundo de 1950, Artilheiro do Campeonato Carioca de 1952 (19 gols), Quarto maior jogador brasileiro do século XX (IFFHS) e Décimo maior jogador sul-americano do século XX (IFFHS)




Foto 1: Autor desconhecido
Foto 2: Arquivo Folha Imagem

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