segunda-feira, 4 de julho de 2011

"GRINGOS" NA SELEÇÃO BRASILEIRA



Seleção Brasileira também já teve estrangeiros atuando




No mundo de hoje as naturalizações dentro do futebol tornaram-se bastante normais. Não é mais surpresa vermos atletas nascidos em um país vestirem a camisa de seleções de outro nos torneios realizados. E não é de agora que tal ato é realizado, já que desde os primórdios do esporte, no século XIX, vários atletas imigrantes de outras nações passavam a defender a bandeira do local em que estavam vivendo naquele determinado momento.

Àquela época não havia regra para um jogador defender uma seleção específica. Ele poderia jogar por um país em um ano e, caso julgasse atrativo e recebesse a naturalização, no outro estar atuando por uma equipe “estrangeira”, principalmente atletas do continente americano.

Temos inúmeros exemplos na América do Sul, só para citarmos os três países das Américas de maior sucesso futebolístico na história – Brasil, Argentina e Uruguai. O brasileiro Filó foi o primeiro campeão mundial nascido em nosso país defendendo a Itália em 1934 e cuja história já foi tratada no blog. Podemos também citar outros brasileiros como Mazzola, mais conhecido como Altafini quando defendeu a mesma Itália na Copa de 1962, Deco, Pepe e Liédson; os argentinos Luis Monti (também já comentado aqui), Omar Sívori e Di Stéfano (este chegou a atuar por 3 seleções diferentes); os uruguaios Juan Schiaffino e Alcides Ghiggia; entre muitos outros.

Entretanto, o que era facilitado no passado mudou a partir do Mundial 1962, realizado no Chile. Poucos dias antes do início da competição a FIFA decidiu proibir as naturalizações de jogadores que já haviam atuado por uma seleção anteriormente. Essa resolução entraria em vigor a partir do Mundial de 1966, que seria realizado na Inglaterra, para evitar as intensas trocas de seleções entre uma Copa e outra, o que poderia descaracterizar totalmente uma equipe em um curto espaço de tempo. E eles tinham razão: quem é mais conhecido, o argentino ou o espanhol Di Stéfano? O uruguaio ou o italiano Gigghia? E assim por diante.

Mas você, caro leitor, já imaginou um dia um estrangeiro servindo a seleção brasileira? Talvez o índice de rejeição fosse imenso e até certo ponto realmente não se vê necessário que um jogador de outra nação se naturalize e atue pelo Brasil, já que o país é uma reconhecida fonte de grandes talentos do futebol.

Só que para o que pode ser sua surpresa já houve sim jogadores estrangeiros atuando pela seleção Canarinho. Nos seus quase 97 anos de atuação quatro jogadores já foram convocados, seja para jogos oficiais ou não tanto na categoria principal como nas de base. Os primeiros “gringos” da história a serem chamados para jogar pelo Brasil foram o atacante inglês Sidney Pullen (2ª foto), que atuava pelo Flamengo, e o goleiro português Casemiro Amaral (1ª foto destacado pela seta com a equipe do Corinthians), do Mackenzie/SP, em 1916 para a disputa do primeiro Campeonato Sul-americano de Seleções (atual Copa América). Depois de Pullen ainda tivemos o meia italiano Francisco Police, que defendia o Botafogo, em 1918, e por fim o boliviano Marcelo Moreno (3ª foto), que chegou a atuar pelas categorias sub-18 e sub-20 entre 2005 e 2006 quando era centroavante do Vitória/BA. Alguns jornalistas e pesquisadores ainda incluem um quinto atleta “forasteiro” a ter vestido a camisa brasileira - o atacante Patesko, que jogou as Copas de 1934 e 1938, como sendo polonês. Contudo, Rodolfo Barteczko, seu nome de registro, era descendente de poloneses, mas nascido em Curitiba/PR no ano de 1910.

Abaixo, um breve resumo da carreira dos quatro únicos “gringos” a terem defendido a pátria brasileira de chuteiras.

* Sidney Pullen: nascido em Southampton/ING em 14 de julho de 1895, era atacante e chegou ao Brasil no início do século passado quando seu pai foi transferido no emprego da fábrica em que trabalhava. Começou sua carreira de jogador muito jovem, com apenas 15 anos, no extinto Paissandu do Rio de Janeiro, onde conquistou o título carioca em 1912. Com o fim das atividades do clube alvi-anil em 1914, Pullen transferiu-se para o Flamengo e lá também fez história atuando por 10 anos e faturando outros vários troféus. Defendeu também a seleção carioca e a brasileira, esta última entre 1916 e 1917 em cinco jogos e não marcando nenhum gol (participou, inclusive, do primeiro Campeonato Sul-americano de Seleções conforme já citado). Jogou ainda no Fluminense no fim da carreira e faleceu no Rio de Janeiro em data desconhecida na década de 50.

* Casemiro Amaral: goleiro que nasceu em Lisboa/POR no dia 14 de setembro de 1892 e também chegou ao Brasil muito jovem acompanhando seus pais. Começou sua história no futebol com as cores do América/RJ em 1911 e passou ainda pelos paulistas Germânia, Mackenzie e Corinthians, onde encerrou a carreira em 1920. Assim como Pullen, foi convocado para atuar pela seleção brasileira em 1916 para a disputa do Campeonato Sul-americano de Seleções. No selecionado foi titular do gol em 6 jogos, com 1 vitória, 1 empate, 4 derrotas e 14 gols sofridos até 1917. Casemiro Amaral morreu jovem, aos 47 anos, em São Paulo.

* Francisco Police: dentre os jogadores estrangeiros que já atuaram com a camisa da seleção brasileira o ex-meia do Botafogo é que menos se tem informações. Dados como sua data e cidade de nascimento não são conhecidas. O que se tem conhecimento é que Police era natural da Itália, atuou no clube carioca nas décadas de 10 e 20 e jogou uma única partida pelo Brasil – numa derrota de 1 a 0 em amistoso contra o clube uruguaio Dublin no Rio de Janeiro no dia 27 de janeiro de 1918.

* Marcelo Moreno: o atacante nasceu em Santa Cruz de la Sierra/BOL no dia 17 de junho de 1987 e é filho do ex-meiocampista do Palmeiras Mauro Martins. Iniciou sua carreira no Oriente Petrolero com 16 anos e em 2004 ingressou nas categorias de base do Vitória/BA, onde permaneceu até 2007. Depois foi para o Cruzeiro se notabilizando por ser um dos artilheiros da Taça Libertadores da América de 2008. No mesmo ano transferiu-se para o Shakhtar Donetsk da Ucrânia e ainda passou depois por Werder Bremen/ALE e Wigan/ING por empréstimo. Jogou pela seleção brasileira sub-18 num amistoso contra a Caldense/MG e na Copa Sendai no Japão em 2005; um ano depois fez algumas partidas pela categoria sub-20. Entretanto, em 2007 Moreno optou por defender a seleção principal da Bolívia, onde já atuou em 18 ocasiões e já marcou 8 gols – um deles contra o Brasil que já defendeu nas categorias da base em 2009, na vitória por 2 a 1 pelas Eliminatórias para a Copa de 2010 em La Paz.




Foto 1: Blog "A besta esfolada"
Foto 2: Site oficial do C.R. Flamengo
Foto 3: Globo Esporte

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