Na onda das naturalizações desacerbadas de hoje em dia, que até já foi assunto tratado neste blog, muitos atletas já foram campeões mundiais de futebol vestindo a camisa de outras pátrias que não as suas de nascimento. Tivemos o caso de Filó em 1934 servindo a seleção italiana, o primeiro brasileiro campeão do mundo da história, do argentino Mauro Camoranesi também campeão do mundo pela Itália em 2006, entre outros. Porém nenhum deles conseguiu (nem conseguirá mais, visto que tal atitude é proibida pela FIFA nos dias atuais) a façanha que um jogador com dupla nacionalidade em 1930 e 1934 alcançou: a de disputar duas finais por países distintos.
Tal feito foi atingido por Luis Felipe Monti, argentino que nasceu em Buenos Aires no dia 15 de maio de 1901, que chegou à final do Mundial de 1930 com seu país natal e repetiu a dose 4 anos mais tarde na ocasião ostentando a camisa italiana. Monti era center half, ou seja, volante na atualidade, já que àquela época os meias não tinham tanta função de marcação - no máximo marcar a saída de bola de um atacante do time adversário. Tinha estilo de jogo muito duro, baseado na força física, mas que não deixava de ter técnica. Tanto é que foi chamado pra atuar por duas seleções em Copas do Mundo e fez parte de um grande time formado pela Juventus de Turim nos anos 30.
Luis Monti começou sua carreira futebolística no Club Atlético Huracán aos 20 anos. Logo em sua estréia como atleta de futebol ajudou o time dos arredores da capital argentina a faturar o título nacional. Sua categoria no meio-campo logo chamou a atenção dos gigantes do Boca Juniors e no outro ano já se apresentava como jogador da equipe do bairro de La Boca. Porém sua passagem pelos xeneizes foi meteórica e na mesma temporada vestia a camisa do San Lorenzo de Almagro. Com os Corvos deu prosseguimento à sua trajetória de conquistas e levantou mais 3 troféus de campeão argentino.
Diante de suas boas atuações foi convocado para a seleção argentina pela primeira vez em 1924. Jogou pela Albiceleste por 7 anos e com ela levou a Copa América de 1927, a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 1928, em Amsterdã, e participou da Copa do Mundo de 1930, realizada no Uruguai, onde marcou 2 gols mas acabou sucumbindo novamente diante dos donos da casa na final do torneio, já que nas Olimpíadas enfrentou também a Celeste Olímpica na grande decisão do ouro.
Após o vice-campeonato mundial e com 29 anos de idade pouco se acreditava que Monti pudesse dar um salto de qualidade à sua carreira dentro do então amador futebol argentino. Ainda no San Lorenzo começou a ficar fora de forma e a pouco ligar para o condicionamento físico, chegando até a parar de jogar futebol e começar a trabalhar em uma fábrica de biscoitos na capital dos argentinos. Porém, em 1931, recebeu um convite para atuar pela poderosa Juventus de Turim e o aceitou. Chegou à Itália sob olhares bastante desconfiados, pois já passava dos 30 anos de idade e estava visivelmente acima de suas condições físicas ideais. Relatos históricos afirmam que o meia ficou bastante chateado com a reação do público e da imprensa italianos, mas que usou o fato como incentivo para demonstrar que conseguiria vencer. Desde o dia 1º de agosto até o fim de setembro começou um trabalho árduo de aprimoramento físico sem sequer tocar em bola. Tamanho sacrifício rendeu-lhe 13kg a menos de peso. A temporada européia estava quase se iniciando e lá estava Luis Monti pronto para jogar pela Vecchia Signora.
Na Juve foram 8 temporadas, 225 jogos e 20 gols marcados, ajudando significativamente na conquista de 4 Scudettos consecutivos (1931-35). Segundo os especialistas e historiadores de esportes italianos, Monti foi um dos mais firmes - mas leais - meias que já jogou no futebol do país na história. Enfim, chegou ao seu objetivo que era mostrar que poderia ainda render bons frutos dentro das quatro linhas.
Em 1932, com a política fascista de Benito Mussolini de formar uma grande seleção italiana para a Copa do Mundo de dois anos depois no país, convidavam-se atletas estrangeiros que possuíam alguma descendência italiana a se naturalizar (os chamados Oriundi). Então Luisito, que era filho de pais italianos, recebeu um chamado para defender a Azzurra no Mundial. Como estava totalmente adaptado à vida na Europa e ao futebol profissional do Velho Continente, o jogador aceitou de imediato e começou a escrever seu nome na história das Copas.
Estreou pela Itália em 27 de novembro de 1932 numa vitória de 4 a 2 diante da Hungria. Em 1934 fazia parte dos convocados pelo técnico Vittorio Pozzo para a disputa do Mundial realizado em solo italiano. Não marcou nenhum gol na campanha do título da competição, mas sua presença no meio-campo italiano foi de suma importância para a conquista. Naquele dia 10 de junho, após a vitória sobre a Tchecoslováquia por 2 a 1 no estádio Nazionale de Roma, diante de mais de 45 mil pessoas, Monti entrava para os registros históricos do futebol como o único jogador a participar de duas finais de Copas por duas seleções diferentes.
Monti abandonou definitivamente o futebol em 1939, aos 38 anos, e seguiu outros rumos na vida após a aposentadoria. Faleceu em 9 de setembro de 1983, aos 82 anos, e nos deixou uma grande legado não só de força física, mas de vontade e preseverança dentro de campo. Onde a derrota não pode ser pretexto para a desistência de um objetivo a ser alcançado.
Abaixo, dados e estatísticas de Luisito Monti, o derrotado argentino, mas vitorioso italiano.
* Nome: Luis Felipe Monti
* Nascimento: 15 de maio de 1901 em Buenos Aires/ARG
* Posição: meio-campo
* Apelido: Luisito
* Clubes (4): Huracán (1921), Boca Juniors (1922), San Lorenzo (1922 a 1931) e Juventus/ITA (1931 a 1939)
* Títulos (11): Campeonato Argentino (1921, 1923, 1924 e 1927), Copa América (1927), Campeonato Italiano (1931/32, 1932/33, 1933/34 e 1934/35), Copa do Mundo (1934) e Copa da Itália (1937/38)
* Seleção Argentina: 16 jogos e 5 gols entre 1924 e 1931
* Seleção Italiana: 18 jogos e 1 gol entre 1932 e 1936
* Conquistas pessoais: Medalha olímpica de prata (1928)
Foto 1: Comitê Olímpico Holandês
Foto 2: Planet World Cup
Foto 3: Blog Il pallone racconta
Tal feito foi atingido por Luis Felipe Monti, argentino que nasceu em Buenos Aires no dia 15 de maio de 1901, que chegou à final do Mundial de 1930 com seu país natal e repetiu a dose 4 anos mais tarde na ocasião ostentando a camisa italiana. Monti era center half, ou seja, volante na atualidade, já que àquela época os meias não tinham tanta função de marcação - no máximo marcar a saída de bola de um atacante do time adversário. Tinha estilo de jogo muito duro, baseado na força física, mas que não deixava de ter técnica. Tanto é que foi chamado pra atuar por duas seleções em Copas do Mundo e fez parte de um grande time formado pela Juventus de Turim nos anos 30.
Luis Monti começou sua carreira futebolística no Club Atlético Huracán aos 20 anos. Logo em sua estréia como atleta de futebol ajudou o time dos arredores da capital argentina a faturar o título nacional. Sua categoria no meio-campo logo chamou a atenção dos gigantes do Boca Juniors e no outro ano já se apresentava como jogador da equipe do bairro de La Boca. Porém sua passagem pelos xeneizes foi meteórica e na mesma temporada vestia a camisa do San Lorenzo de Almagro. Com os Corvos deu prosseguimento à sua trajetória de conquistas e levantou mais 3 troféus de campeão argentino.
Diante de suas boas atuações foi convocado para a seleção argentina pela primeira vez em 1924. Jogou pela Albiceleste por 7 anos e com ela levou a Copa América de 1927, a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 1928, em Amsterdã, e participou da Copa do Mundo de 1930, realizada no Uruguai, onde marcou 2 gols mas acabou sucumbindo novamente diante dos donos da casa na final do torneio, já que nas Olimpíadas enfrentou também a Celeste Olímpica na grande decisão do ouro.
Após o vice-campeonato mundial e com 29 anos de idade pouco se acreditava que Monti pudesse dar um salto de qualidade à sua carreira dentro do então amador futebol argentino. Ainda no San Lorenzo começou a ficar fora de forma e a pouco ligar para o condicionamento físico, chegando até a parar de jogar futebol e começar a trabalhar em uma fábrica de biscoitos na capital dos argentinos. Porém, em 1931, recebeu um convite para atuar pela poderosa Juventus de Turim e o aceitou. Chegou à Itália sob olhares bastante desconfiados, pois já passava dos 30 anos de idade e estava visivelmente acima de suas condições físicas ideais. Relatos históricos afirmam que o meia ficou bastante chateado com a reação do público e da imprensa italianos, mas que usou o fato como incentivo para demonstrar que conseguiria vencer. Desde o dia 1º de agosto até o fim de setembro começou um trabalho árduo de aprimoramento físico sem sequer tocar em bola. Tamanho sacrifício rendeu-lhe 13kg a menos de peso. A temporada européia estava quase se iniciando e lá estava Luis Monti pronto para jogar pela Vecchia Signora.
Na Juve foram 8 temporadas, 225 jogos e 20 gols marcados, ajudando significativamente na conquista de 4 Scudettos consecutivos (1931-35). Segundo os especialistas e historiadores de esportes italianos, Monti foi um dos mais firmes - mas leais - meias que já jogou no futebol do país na história. Enfim, chegou ao seu objetivo que era mostrar que poderia ainda render bons frutos dentro das quatro linhas.
Em 1932, com a política fascista de Benito Mussolini de formar uma grande seleção italiana para a Copa do Mundo de dois anos depois no país, convidavam-se atletas estrangeiros que possuíam alguma descendência italiana a se naturalizar (os chamados Oriundi). Então Luisito, que era filho de pais italianos, recebeu um chamado para defender a Azzurra no Mundial. Como estava totalmente adaptado à vida na Europa e ao futebol profissional do Velho Continente, o jogador aceitou de imediato e começou a escrever seu nome na história das Copas.
Estreou pela Itália em 27 de novembro de 1932 numa vitória de 4 a 2 diante da Hungria. Em 1934 fazia parte dos convocados pelo técnico Vittorio Pozzo para a disputa do Mundial realizado em solo italiano. Não marcou nenhum gol na campanha do título da competição, mas sua presença no meio-campo italiano foi de suma importância para a conquista. Naquele dia 10 de junho, após a vitória sobre a Tchecoslováquia por 2 a 1 no estádio Nazionale de Roma, diante de mais de 45 mil pessoas, Monti entrava para os registros históricos do futebol como o único jogador a participar de duas finais de Copas por duas seleções diferentes.
Monti abandonou definitivamente o futebol em 1939, aos 38 anos, e seguiu outros rumos na vida após a aposentadoria. Faleceu em 9 de setembro de 1983, aos 82 anos, e nos deixou uma grande legado não só de força física, mas de vontade e preseverança dentro de campo. Onde a derrota não pode ser pretexto para a desistência de um objetivo a ser alcançado.
Abaixo, dados e estatísticas de Luisito Monti, o derrotado argentino, mas vitorioso italiano.
* Nome: Luis Felipe Monti
* Nascimento: 15 de maio de 1901 em Buenos Aires/ARG
* Posição: meio-campo
* Apelido: Luisito
* Clubes (4): Huracán (1921), Boca Juniors (1922), San Lorenzo (1922 a 1931) e Juventus/ITA (1931 a 1939)
* Títulos (11): Campeonato Argentino (1921, 1923, 1924 e 1927), Copa América (1927), Campeonato Italiano (1931/32, 1932/33, 1933/34 e 1934/35), Copa do Mundo (1934) e Copa da Itália (1937/38)
* Seleção Argentina: 16 jogos e 5 gols entre 1924 e 1931
* Seleção Italiana: 18 jogos e 1 gol entre 1932 e 1936
* Conquistas pessoais: Medalha olímpica de prata (1928)
Foto 1: Comitê Olímpico Holandês
Foto 2: Planet World Cup
Foto 3: Blog Il pallone racconta
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