segunda-feira, 22 de agosto de 2011

TEMPORADA DE APOSENTADORIAS - PARTE I



Ronaldo, Petković e Aloisi: algumas das aposentadorias dos gramados em 2011




A temporada do futebol em alguns países já começou, como é o caso do Brasil, mas outros principais centros, como a Europa, estão iniciando suas disputas. Será a volta à atividade de alguns dos grandes astros do esporte no mundo, entretanto vários deles não mais pisarão nos gramados a partir deste mês. O ano de 2011 protagonizou várias despedidas de atleta renomados em todos os 5 continentes.


O Manchester United se viu sem 3 de seus maiores ídolos a partir desta temporada: Gary Neville, Edwin van der Sar e Paul Scholes. Já o Brasil perdeu um dos grandes atacantes de sua história: Ronaldo. E por que não considerar também uma baixa para o futebol brasileiro a aposentadoria do meia sérvio Dejan Petković, ex-Flamengo?

Por isso vamos citar algumas das principais aposentadorias que aconteceram no futebol na temporada 2010/11 em duas partes – a primeira com atletas de fora da Europa e a segunda, com os europeus. Com certeza cada um desses jogadores deixaram seus legados para as futuras gerações dentro das 4 linhas e uma história de dedicação e amor ao esporte. As torcidas espalhadas pelos quatro cantos agradecem por terem feito tantas emoções aflorarem enquanto atuavam, mas ficarão órfãs de mais ídolos que a bola proporcionou em ação.

A partir de agora uma lista algumas das principais “celebridades” do mundo do futebol em suas respectivas regiões com um breve histórico de suas carreiras, que a partir desta temporada não mais darão o ar de suas graças dentro das quatro linhas. Primeiro os não-europeus.


ÁFRICA

Hans Vonk – goleiro (África do Sul): Nascido na cidade de Alberton/AFS em 30/01/1970, Vonk marcou história no futebol africano por fazer parte da seleção sul-africana que foi à Copa do Mundo de 1998 após vários anos banida por conta do regime do Apartheid que assolou o país durante anos. De descendência holandesa, Vonk fez boa parte de sua carreira de goleiro na Holanda, tendo começado em 1988 no RKC Waalwijk naquele país. A maior parte de seus 23 anos como jogador profissional foi com a camisa do Heerenveen, onde atuou em mais de 250 partidas oficiais. Conquistou apenas um título em sua trajetória futebolística: a KNVB Cup (Copa da Holanda) de 2009. Pelos Bafana Bafana estreou em 1997 e fez 43 jogos até deixar a seleção em 2005, tendo participado das Copas de 1998 e 2002.

* Clubes (6): RKC Waalwijk/HOL (1988 a 1991 e 1993 a 1996), Wageningen/HOL (1991 a 1992), Den Bosch/HOL (1992 a 1993), Heerenveen/HOL (1996 a 2004 e 2009), Ajax/HOL (2004 a 2006 e 2008 a 2009) e Ajax Cape Town (2009 a 2011)

* Título (1): KNVB Cup (2009)

* Seleção Sul-africana: 43 jogos entre 1997 e 2005


OCEANIA

Josip Skoko – meia (Austrália): Natural de Mount Gambier/AUS, o meiocampista de descendência croata foi importante em várias conquistas de clubes pouco tradicionais no cenário futebolístico europeu. Skoko, nascido em 10/12/1975, começou sua carreira no North Geelong Warriors, clube australiano para atletas de origem croata como no caso do jogador, em 1994. Seus grandes momentos foram com o Genk/BEL, onde conquistou o título nacional na temporada 2001/02 como capitão, e com o turco Gençlerbirliği, quando na Copa da UEFA 2003/04 chegou à quarta fase do torneio sendo derrotado pelo então futuro campeão Valencia a duras penas no tempo extra da partida de volta. Meia habilidoso que atuava mais na faixa central do campo, Joey Skoko, como era conhecido, ainda teve passagens pelo futebol croata e inglês até retornar ao seu país natal para encerrar a carreira pelo Melbourne Heart. Na seleção australiana principal foram 9 gols em 51 jogos entre 1997 e 2007, tendo participado dos Jogos Olímpicos de Sidney em 2000 e do Mundial de 2006.

* Clubes (7): North Geelong Warriors (1994 a 1995), Hajduk Split/CRO (1995 a 1999 e 2008 a 2001), Genk/BEL (1999 a 2003), Gençlerbirliği/TUR (2003 a 2005), Wigan Athletic/ING (2005 a 2006 e 2007 a 2008), Stoke City/ING (2006) e Melbourne Heart (2010 a 2011)

* Títulos (2): Campeonato Belga (2001/02) e Copa da Croácia (2009/10)

* Seleção australiana: 51 jogos e 9 gols entre 1997 e 2007


John Aloisi – atacante (Austrália): Em 2005 a seleção australiana havia 31 anos que não disputava um Mundial. Mas em 16 de novembro de 2005 a espera terminaria após a disputa da repescagem contra o Uruguai, em Sidney, com a vitória de sua equipe nos pênaltis. E um dos heróis deste feito foi o atacante John Aloisi, que bateu a penalidade decisiva que classificou os Socceroos para a Copa do Mundo de 2006, que a partir de então fez do jogador um ídolo para a torcida. Aloisi nasceu em 05/02/1976 em Adelaide/AUS e começou sua carreira no clube da cidade, o Adelaide City, em 1991, onde logo foi campeão nacional no mesmo ano. Passou ainda pelas principais ligas européias como a da Bélgica, Itália, Inglaterra e Espanha. Neste último ajudou o Osasuna a chegar à final da Copa do Rei na temporada 2004/05, que acabou derrotado pelo Real Bétis. Em 2007 retornou ao seu país para jogar pelo Central Coast Mariners, depois pelo Sidney FC até pendurar as chuteiras no Melbourne Heart. Em 20 anos de carreira, Aloisi apenas conquistou título em nível de clubes na Austrália (3 no total), mas sentiu o gostinho de levantar um troféu com a seleção australiana em 2004 com o êxito na OFC Cup, a Copa das Nações da Oceania. Pelo selecionado nacional foram 27 gols em 55 partidas entre 1997 e 2008, tendo participado da Copa do Mundo de 2006.

* Clubes (11): Adelaide City (1991 a 1992), Standard Liège/BEL (1992 a 1993), Royal Antwerp/BEL (1993 a 1995), Cremonese/ITA (1995 a 1997), Portsmouth/ING (1997 a 1998), Coventry City/ING (1998 a 2001), Osasuna/ESP (2001 a 2005), Alavés/ESP (2005 a 2007), Central Coast Mariners (2007 a 2008), Sidney FC (2008 a 2010) e Melbourne Heart (2010 a 2011)

* Títulos (4): Campeonato australiano (1991/92, 2007/08 e 2009/10), Copa das Nações da Oceania (2004)

* Seleção australiana: 55 jogos e 27 gols entre 1997 e 2008


AMÉRICA DO SUL

Martín Palermo – atacante (Argentina): Pouca habilidade com a bola nos pés, mas um enorme faro de gol. Esta era a principal característica deste centroavante nato nascido em 07/11/1973 na cidade de La Plata/ARG. Passou por Estudiantes, onde começou a carreira em 1992, Villarreal/ESP, Bétis/ESP e Alavés/ESP, mas foi no lendário Boca Juniors que tornou-se um ídolo e entrou para a história. Desde o princípio demonstrava ser um atacante prolífico e justamente essa qualidade o fez transferir-se para o futebol europeu em 2001 para o Villarreal. A essa altura já era venerado pelos torcedores do Boca, ainda mais após a conquista do Mundial Interclubes de 2000 diante do poderoso Real Madrid, em que o time de La Bombonera venceu por 2 a 1 com dois gols de Palermo. Após três temporadas sem muito sucesso na Espanha, retornou em 2004 para seu ex-clube de La Boca para não sair mais. É o maior artilheiro da história do Boca Juniors com 236 gols em 404 jogos, ultrapassando figuras míticas como os ex-atacantes Roberto Cherro (221 gols) e Francisco Varallo (194 gols). Foram 14 títulos (13 com o Boca) entre Segunda Divisão argentina e Mundial Interclubes. Com a seleção da Argentina ficou marcado por desperdiçar três pênaltis numa mesma partida – contra a Colômbia na Copa América de 1999. Foi à Copa do Mundo de 2010 e tornou-se o mais velho jogador argentino a marcar um gol em mundiais (com 36 anos e 210 dias fez o segundo da vitória de 2 a 0 sobre a Grécia). No total em 15 partidas anotou 9 tentos entre 1999 e 2010.

* Clubes (5): Estudiantes (1992 a 1997), Boca Juniors (1997 a 2000 e 2004 a 2011), Villarreal/ESP (2001 a 2003), Real Bétis/ESP (2003 a 2004) e Alavés/ESP (2004)

* Títulos (14): Segunda Divisão argentina (1994/95), Campeonato Argentino – Apertura (1998, 2000, 2005 e 2008), Campeonato Argentino – Clausura (1999 e 2006), Taça Libertadores (2000 e 2007), Mundial Interclubes (2000), Copa Sul-americana (2004 e 2005) e Recopa Sul-americana (2006 e 2008)

* Seleção argentina: 15 jogos e 9 gols entre 1999 e 2010


Marcelo Gallardo – meia (Argentina): Um dos grandes ídolos da história recente do River Plate e Monaco/FRA, recém rebaixados em seus respectivos campeonatos, Gallardo foi um meiocampista muito habilidoso que surgiu nas bases dos Millonarios em 1992. Com sua técnica apurada logo foi comparado ao genial Diego Maradona. Foi com as camisas desses dois clubes que o meia nascido em 18/01/1976 na cidade de Merlo/ARG conseguiu seus maiores feitos, tais como Taça Libertadores, Liga Francesa, entre outros. Atuou também no Paris Saint-Germain/FRA e no futebol norte-americano e uruguaio, onde encerrou a carreira na temporada passada atuando pelo Nacional (sendo campeão nacional) e logo em seguida assumiu o posto de treinador da equipe. Tamanha a sua importância que por todos os clubes nos quais passou El Muñeco (O Boneco) levantou ao menos uma taça – foram 14 ao todo. Já com a seleção argentina principal foram 44 jogos e 13 gols entre 1994 e 2003, conquistando a medalha de de ouro no Pan-americano de 1995 e a de prata nos Jogos Olímpicos de 1996 em Atlanta, além de ter participado das Copas de 1998 e 2002.

* Clubes (5): River Plate (1992 a 1999, 2003 a 2006 e 2008 a 2010), Mônaco/FRA (1999 a 2003), Paris Saint-Germain/FRA (2007), DC United/EUA (2008) e Nacional/URU (2010 a 2011)

* Títulos (16): Campeonato Argentino – Apertura (1993. 1994, 1996 e 1997), Campeonato Argentino – Clausura (1997 e 2004), Jogos Pan-americanos (1995), Taça Libertadores (1996), Supercopa Sul-americana (1997), Campeonato Francês (1999/2000), Supercopa da França (2000), Copa da Liga Francesa (2003 e 2008), US Open Cup (2008) e Campeonato Uruguaio (2010/11)

* Seleção argentina: 44 jogos e 13 gols entre 1994 e 2003


Ronaldo – atacante (Brasil): O Fenômeno dispensa qualquer apresentação ou comentários. Foi sem dúvida um dos maiores atacantes da história do futebol mundial, vencedor em todos os sentidos – dentro e fora do campo. Dentro porque esse carioca de Bento Ribeiro, nascido em 22/09/1976, foi campeão e artilheiro de praticamente tudo o que disputou, e fora por ter dado a volta por cima após três seríssimas contusões nos joelhos. Começou nos juvenis do São Cristóvão/RJ e logo despontaria no Cruzeiro com a conquista da Copa do Brasil de 1993. Em 1994, com quase 18 anos, já era convocado para a Copa do Mundo e campeão do torneio (apesar de não ter entrado em campo). Dali então para brilhar nos gramados mundo a fora foi rápido: PSV Eindhoven/HOL, Barcelona/ESP, Internazionale/ITA, Real Madrid/ESP, Milan/ITA e Corinthians, tendo sempre conquistado algum título nesses clubes e sendo artilheiro em várias ocasiões. Em 2009 retornou para o Brasil lesionado e fora de forma, mas conseguiu ainda levantar dois troféus com o time paulista. Em 2011, sentindo as lesões e tendo perdido a batalha contra o peso anunciou sua aposentadoria. Com a Seleção Brasileira, viveu dias de glória e de inferno astral. Glória com os dois títulos mundiais e inferno por conta da conhecida convulsão que teve antes da final do Mundial de 1998 diante da França, que culminou com a derrota brasileira. Pela equipe Canarinho foram 98 jogos e 62 marcados entre 1994 e 2011 (neste ano fez sua despedida contra a Romênia, que conta como convocação para suas estatísticas apesar de se tratar de jogo amistoso). Em 2006 chegou ao seu 15º gol em Copas do Mundo, fato que lhe deu o recorde de gols no torneio em todos os tempos ultrapassando o ex-atacante alemão Gerd Müller. Mais detalhes sobre a brilhante carreira do jogador você pode conferir neste blog clicando aqui.

* Clubes (6): Cruzeiro (1993 a 1994), PSV Eindhoven/HOL (1994 a 1996), Barcelona/ESP (1996 a 1997), Internazionale/ITA (1997 a 2002), Real Madrid/ESP (2002 a 2007), Milan/ITA (2007 a 2008) e Corinthians (2009 a 2011) 

* Títulos (18): Copa do Brasil (1993 e 2009), Campeonato Mineiro (1994), Copa do Mundo (1994 e 2002), Copa da Holanda (1996), Supercopa da Espanha (1996 e 2003), Copa do Rei (1997), Recopa Européia (1997), Copa América (1997 e 1999), Copa das Confederações (1997), Copa da UEFA (1998), Mundial Interclubes (2002), Campeonato Espanhol (2002/03 e 2006/07) e Campeonato Paulista (2009)

* Seleção Brasileira:
98 jogos e 62 gols entre 1994 e 2011


Dejan Petković – meia (Sérvia): O meia foi incluído não por acaso entre os atletas sul-americanos que deixaram o futebol, apesar de ser europeu. O jogador é sérvio, nascido em Majdanpek/SER em 10/09/1972, mas com a habilidade de um bom brasileiro. Começou sua carreira no modesto Radnički Niš em 1988 e logo depois seguiu para o poderoso Estrela Vermelha de Belgrado, onde chegou sendo logo campeão mundial interclubes em 1991. Dada sua imensa técnica, principalmente na bola parada, e às boas atuações com o clube despertou a atenção do gigante Real Madrid, para onde seguiu em 1995. Entretanto na Espanha não obteve o mesmo sucesso do início da promissora carreira e lá ainda passou por Sevilla e Racing Santander por empréstimo, também sem muito êxito. Foi aí então que veio a reviravolta em sua trajetória nos gramados. Participando de um torneio amistoso na Espanha com o Real Madrid B, dirigentes do Vitória/BA, que também participava da competição, gostaram de seu futebol e lhe fizeram uma proposta. O Real prontamente aceitou empresta-lo e a partir desse momento Petković encontraria seu segundo lar, sua grande fase na carreira e a idolatria que sua classe tanto merecia. Chegou ao Brasil em 1997 e pouco tempo depois já caíra nas graças da torcida com seus passes precisos, seus escanteios sempre em direção ao gol e suas cobranças de faltas magistrais. Com suas excelentes participações no Estadual, Copa do Nordeste e Brasileirão foi transferido para o Venezia/ITA em 1999. Após outro fracasso na Europa retorna para o Brasil para defender outro rubro-negro, desta vez o Flamengo - e novamente não decepcionou.  Demorou um pouco para se adaptar ao clube, mas logo alçou o status de ídolo da maior torcida do Brasil com grandes partidas e gols antológicos. Um destes gols eo consagraria definitivamente não só dentro do time carioca, mas no futebol brasileiro. Em 2001, na decisão do Campeonato Carioca, Pet, como é também conhecido, marcou o gol do tricampeonato sobre o rival com uma cobrança de falta excepcional no ângulo do goleiro Hélton aos 43 minutos do segundo tempo, na decisão que ficou marcada para os registros históricos. Seguiu sendo importante para o Flamengo em outros torneios até 2002, quando trocou a Gávea por São Januário em uma transferência surpreendente. Com o Vasco da Gama também teve boas atuações até 2003, quando conseguiu o título da Taça Guanabara deste ano. Daí seguiu para o futebol chinês até retornar ao Vasco novamente e depois atuar no Oriente Médio. Petković ainda atuaria pelo Fluminense, Goiás, Santos, Atlético/MG até encerrar a carreira pelo Flamengo neste ano, após uma espécie de “canto do cisne” em 2009, com 37 anos, sendo imprescindível na conquista do sexto título brasileiro do rubro-negro e eleito o melhor jogador do torneio. Além disso é o maior artilheiro estrangeiro da história da competição. Pela seleção de seu país foram apenas 6 partidas quando ela ainda era a ex-Iugoslávia. Marcou um gol apenas.

* Clubes (15): Radnički Niš (1988 a 1991), Estrela Vermelha (1991 a 1995), Real Madrid/ESP (1995 a 1999), Sevilla/ESP (1996), Racing Santander/ESP (1996 a 1997), Vitória/BRA (1997 a 1999), Venezia/ITA (1999 a 2000), Flamengo/BRA (2000 a 2002 e 2009 a 2011), Vasco da Gama/BRA (2002 a 2003 e 2004), Shanghai Shenhua/CHN (2003 a 2004), Al-Ittihad/ASA (2004 a 2005), Fluminense/BRA (2005 a 2006), Goiás/BRA (2007), Santos/BRA (2007) e Atlético/MG (2007 a 2008)

* Títulos (17): Mundial Interclubes (1991), Campeonato Iugoslavo (1991/92 e 1994/95), Copa da Iugoslávia (1992/93 e 1994/95), Campeonato Espanhol (1996/97), Supercopa da Espanha (1997), Campeonato Baiano (1999), Copa do Nordeste (1999), Campeonato Carioca (2000, 2001 e 2003), Copa dos Campeões (2001), Campeonato Chinês (2003), Copa da Arábia Saudita (2005), Liga dos Campeões da Ásia (2005) e Campeonato Brasileiro (2009)

* Seleção iugoslava: 6 jogos e 1 gol entre 1995 e 1998


Na próxima publicação, alguns dos, agora, ex-atletas europeus.



Foto 1: Reuters
Foto 2: Globoesporte.com
Foto 3: Sidney Morning Herald

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