Os donos do mundo em 1981
Hoje, 13 de dezembro de 2011, é uma data especial para todo flamenguista e, podemos também assim dizer, para o futebol brasileiro. Há exatos 30 anos, mais precisamente no ano de 1981, uma geração de jogadores encantou o planeta com sua magia dentro de campo. Neste dia o Flamengo conquistava o mundo com uma retumbante vitória sobre o Liverpool com um show de Zico e companhia.
O ano mágico começou com o título carioca sobre o Vasco da Gama, cuja final foi vencida pelos rubro-negros por 2 a 1 e ficou conhecida pelo episódio do “ladrilheiro”, ou o torcedor flamenguista Roberto Passos Pereira, que entrou em campo correndo para todos os lados tentando esfriar os ânimos dos vascaínos, que tinham acabado de fazer seu gol aos 38 minutos do 2º tempo – com o empate o Vasco seria o campeão. Os gols da partida foram de Adílio e Nunes para o Flamengo, enquanto Ticão marcou para o time de São Januário.
Já no Campeonato Brasileiro a campanha em busca do bi (era o atual campeão) parou nas quartas-de-final. Contudo, na Taça Libertadores, após uma campanha não tão empolgante na primeira fase, com 2 vitórias e 4 empates juntamente com o Atlético/MG, o time carioca teve que definir a classificação para a fase seguinte em um jogo desempate com o próprio Galo mineiro, que terminou 0 a 0, mas cuja vantagem foi dada ao Flamengo após o árbitro brasileiro José Roberto Wright ter encerrado a partida antes do tempo regulamentar e expulsado o atacante atleticano Reinaldo após um carrinho dado em Zico e, daí, ter se iniciado uma confusão generalizada no gramado do estádio Serra Dourada, que culminou com a expulsão de 6 jogadores do Atlético. Brigas à parte, o talentoso time flamenguista seguiu para outra fase de grupos ao lado do boliviano Jorge Wilstermann e o colombiano Deportivo Cali, e dessa vez não teve dificuldades de ficar com o primeiro lugar que lhe deu direito a disputar a final com o chileno Cobreloa.
A final com o clube chileno é uma história à parte, pois foi regada a muita violência por parte dos Loínos e por uma ordem inusitada do treinador do Flamengo. No primeiro confronto, no Maracanã, o Flamengo venceu por 2 a 1 com 2 gols de Zico. Na volta, em Santiago, o que se presenciou foi um festival de violência por parte dos jogadores do time de Calama, principalmente do zagueiro Mario Soto, que entrou em campo com uma pedra na mão (alguns jogadores afirmaram ser um anel) e saiu desferindo golpes em vários flamenguistas, como Lico, Adílio e Júnior. O resultado final foi 1 a 0 para a equipe do Chile. A decisão então foi para a partida desempate no estádio Centenário, em Montevidéu, e lá o Flamengo mostrou toda sua força e brilho e venceu por 2 a 0, com outro show do Galinho de Quintino que marcou os 2 gols. Mario Soto novamente distribuía tapas e pontapés em campo, até que Lico fora novamente atingido violentamente no supercílio. Paulo César Carpeggiani, com a partida praticamente ganha por 2 a 0, chamou o obscuro atacante Anselmo para uma missão, no mínimo, excêntrica. Disse para o jogador: "entra lá e acerta esse cara (Soto)". Não deu outra, mal Anselmo entrara em campo, aproximou-se do zagueiro brucutu, deixou-o passar ao seu lado em corrida e desferiu-lhe um potente soco que nocauteou Mario Soto. Com os jogadores chilenos revoltados e com proteção dos colegas brasileiros, Anselmo calmamente saiu de campo já sabendo da expulsão que viria, e que de fato veio. Mas nada que estragasse o brilho do título continental do time mais categorizado.
Porém, ainda faltava algo a mais para o currículo dessa geração vitoriosa do Flamengo e conquistar o mundo já parecia estar marcado no destino. No embarque para o Japão a confiança era imensa e todos os jogadores estavam focados em trazer para o Brasil o segundo título mundial da história do futebol nacional (somente o Santos havia conseguido tal feito quase duas décadas antes).
Era chegado o grande dia e todo um estudo sobre o então campeão europeu Liverpool havia sido feito pela comissão técnica flamenguista. Do lado inglês notava-se até um certo desdém dos profissionais quanto ao adversário e a competição. Pobres ingleses não sabiam o que lhes esperavam.
À meia-noite no Brasil, meio-dia em Tóquio, rolou a bola para a grande decisão do Mundial Interclubes. E bastaram apenas 13 minutos para a suposta soberba dos Reds cair por terra com o show de Zico servindo seus companheiros. Nunes recebeu bola açucarada do camisa 10 da Gávea e mandou pro fundo das redes do goleiro zimbabuano Bruce Grobbelaar. Ainda atordoados, os ingleses mal chegavam à área flamenguista, enquanto o Galinho continuava com seu brilho. Aos 34, com participação de Zico e Lico, Adílio ampliou o marcador. Finalmente, aos 41, Nunes definiu a glória rubro-negra que ficaria eternizada ao fazer 3 a 0. O segundo tempo praticamente foi apenas de administração do resultado, de retranca por parte do time da Inglaterra com receio de tomar mais gols e o final do jogo foi a coroação de um dos maiores times que já atuou em todos os tempos! Flamengo, campeão mundial de futebol e Zico eleito o melhor em campo - com justiça - com direito a um carro presenteado pela Toyota, patrocinadora do jogo, como prêmio (e que ainda possui até hoje).
Confira abaixo o vídeo produzido pelo Canal 100 para a conquista flamenguista com os melhores momentos da partida.
Todos renderam-se diante da magia do time do Flamengo e o país do futebol voltou a ter um dono do mundo. O Flamengo fazia jus às glórias passadas do Santos e da Seleção Brasileira e trazia de volta para o Brasil mais um troféu de campeão mundial.
Abaixo, a ficha técnica do jogo.
FLAMENGO/BRA 3x0 LIVERPOOL/ING
Local: Estádio Nacional - Tóquio/JAP
Público: 62000 pessoas
Data: 13 de Dezembro de 1981
Árbitro: Rúbio Vazques/MEX)
Gols: Nunes 13' e 41' e Adílio 34'
FLAMENGO: Raul; Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Adílio, Andrade e Zico; Tita, Nunes e Lico. Treinador: Paulo César Carpeggiani
LIVERPOOL: Grobbelaar; Neal, Kennedy, Lawrenson e Thompson; Kennedy, Hansen, Souness e McDermott (Johnson); Dalglish e Johnstone. Treinador: Bob Paisley.
Foto 1: Fottus
Foto 2: Bolario
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