quarta-feira, 25 de julho de 2012

O GOLEADOR OLÍMPICO

Férenc Bene: o maior artilheiro de uma edição dos Jogos Olímpicos




Começaram os Jogos Olímpicos de Londres - pelo menos para o futebol. E esta modalidade nas Olimpíadas, apesar de pouco atrativo para muitas pessoas, é uma boa base para a revelação de futuros craques da bola, como já aconteceu com Romário, Falcão, Puskas, Lato, entre tantos outros. Porém um deles não é tão lembrado assim, mas que contribuiu bastante para uma das principais conquistas futebolísticas de seu país e faz parte da história da competição: o húngaro Férenc Bene.


Bene, nascido em Balatonújlak, na Hungria, em 17 de dezembro de 1944, foi um exímio goleador que atuou quase que toda sua carreira no Újpest Dózsa, da capital Budapeste. Iniciou sua carreira no clube na temporada 1961/62, com apenas 17 anos, e logo de cara deixou sua marca 6 vezes pelo Campeonato Húngaro. Depois, ao longo de mais 16 temporadas com os Lilák e 11 títulos nacionais (sendo 7 seguidos entre 1969 e 1975), foi freqüentemente o grande artilheiro do time, finalizando incríveis 303 gols em 417 partidas disputadas.

Diante de seu grande faro de gol logo surgiu a inevitável comparação com o lendário atacante compatriota Férenc Puskas. Contudo era visível a imensa diferença de talento entre ambos, porém levemente compensada por Bene com muitos gols. Tanto que com apenas 18 anos o ex-centroavante fazia sua estréia pela seleção principal. Mais gols e, dois anos mais tarde, a consagração definitiva com a mítica camisa vermelha da Hungria.

Idos de 1964, ano da Olimpíada de Tóquio, no Japão. Os húngaros estavam engasgados com a conquista apenas da medalha de bronze nos Jogos de 1960 em Roma, na Itália. Naquela época predominava o futebol do bloco socialista nas Olimpíadas, visto que a FIFA não permitia a participação de jogadores profissionais na competição. Entretanto os países de regime não-democrático não possuíam ainda o profissionalismo no futebol, onde tudo não passava de um amadorismo de fachada e que beneficiou bastante essas nações – basta ver que entre as competições de 1952 e 1980 apenas países sob a tutela comunista da Ex-União Soviética obtiveram o ouro olímpico na modalidade. 

Voltando à Olimpíada de 1964, a Iugoslávia, então medalhista de ouro em Roma 4 anos atrás, era tida como a favorita à conquista. Porém os iugoslavos cairam na mesma chave B dos húngaros, o que tornaria a disputa pela classificação ainda mais dura – o grupo ainda contava com a seleção de Marrocos. E os magiares contavam com um jovem Bene inspirado, pois havia sido um dos principais goleadores do campeonato nacional naquele ano com 20 gols em 25 jogos. Ao lado de Tibor Csernai, outro ótimo atacante da época, Férenc Bene entrou para a história do torneio olímpico de futebol. Logo na estréia de sua seleção, em 11 de outubro diante dos marroquinos, o centroavante do Újpest deu o seu cartão de visitas ao marcar todos os gols da vitória sobre os africanos por 6 a 0. Até a conquista do segundo ouro magiar no futebol diante da Tchecoslováquia – o primeiro foi em 1952, em Helsinque – foram mais 6 gols anotados, o que o tornou no maior goleador de uma edição de Jogos Olímpicos desde 1900, ano da estréia da modalidade na competição. Em tempo: os então favoritos iugoslavos amargaram o longínquo 6º lugar no certame.

Após a conquista do ouro, Bene retomou sua carreira com o Újpest Dózsa marcando muitos gols. Com a seleção “principal” da Hungria foram 36 tentos em 76 partidas entre 1962 e 1979, além de um 3º lugar na Eurocopa de 1964, na Espanha, um 4º na mesma competição em 1972, na Bélgica, e de ter chegado às quartas-de-final da Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra – e de ser o artilheiro de sua seleção no torneio.

Foi eleito pelos jornalistas e técnicos em 1969 como o “Jogador do Ano” da Hungria. Com o tempo passando e muitas bolas nas redes adversárias a idade começava a pesar nos ombros de Bene. Sua última temporada de gala foi a de 1974/75, quando marcou 20 vezes pelo Campeonato Húngaro. A partir de então os gols foram ficando escassos, com apenas 13 nos 3 anos seguintes.

Aos 34 anos, Férenc Bene dava adeus ao clube que o revelou e que tanto encheu de alegrias sua torcida rumo ao modesto Volán FC, da pequena cidade de Rákospalota, nos arredores de Budapeste. Foi apenas uma temporada no clube quando decidiu se afastar do futebol. Um ano após seu afastamento, em 1981, recebeu um bom convite do Sepsi-78 Seinäjoki, da Finlândia, e aceitou o desafio. Foram 2 temporadas e 10 gols – nada mau para quem já estava com 38 anos de idade e passara 1 ano longe dos gramados. Em 1982 voltou para a Hungria para atuar novamente pelo Volán FC, mas no ano seguinte foi contratado pelo também húngaro e inexpressivo Soroksári VOSE. Por fim, na temporada 1984/85 assinava seu último vínculo profissional com o Kecskemeti FC e, aos 41 anos, encerrava definitivamente sua brilhante trajetória futebolística.

Férenc Bene, ao contrário de muitos jogadores, não seguiu a carreira de treinador ou outro cargo dentro de algum clube de futebol. Em 27 de fevereiro de 2006 os húngaros perdiam seu grande goleador olímpico, aos 61 anos, devido a complicações após um tombo sofrido em sua residência.

Abaixo, dados e estatísticas do maior artilheiro de uma edição dos Jogos Olímpicos da história.


* Nome: Férenc Bene
* Nascimento: 17 de dezembro de 1944, em Balatonújlak/HUN
* Posição: atacante
* Clubes (5): Újpest Dózsa (1962 a 1978), Volán FC (1978/79 e 1982/83), Sepsi-78 Seinäjoki/FIN (1981 a 1982), Soroksári VOSE (1983 a 1984) e Kecskemeti FC (1984 a 1985)

* Títulos (15): Medalha de ouro - Olimpíadas de Tóquio (1964), Campeonato Húngaro (1969/70, 1970/71, 1971/72, 1972/73, 1973/74 e 1974/75), Copa da Hungria (1969, 1970 e 1975), Joan Gamper Trophy (1970) e Trofeo Colombino (1971)

* Seleção Húngara: 76 partidas e 36 gols entre 1962 e 1979


Foto: AP

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