O técnico inglês Herbert Chapman e seu esquema WM revolucionário
Vemos hoje em dia uma infindável lista de esquemas citados pelos técnicos e comentaristas. É um tal de 4-4-2, 4-3-3, 3-5-2, 3-6-1, etc. que só faz embaralhar a cabeça do torcedor.
Mas é bom salientar que muitos deles revolucionaram a história do futebol, e até mesmo um que não envolvia números, como o Carrossel Holandês da década de 70 comandado pelo lendário Rinus Michell, onde nenhum jogador possuía posição fixa e atuavam em todos os setores do campo. Havia o esquema de "flecha", como jogava o Wunderteam austríaco de Matthias Sindelar da década de 30, numa espécie de 3-2-5 no formato do objeto. Podemos citar o rolo compressor da Hungria mágica com seus 6 atacantes, na década de 50, com Puskas, Czibor, Kocsis, Budai e Cia. Ltda. Até mesmo com o Brasil e seu 4-3-3 de 1958, em que o ponta-esquerda Zagallo inovava e recuava para ajudar na marcação. Entre alguns outros.
No início da prática do futebol, no século XIX, os jogadores não se preocupavam muito com posicionamento ou esquemas - tais quais as peladas entre crianças, onde todos vão atrás da bola. Porém, muitos dos treinadores das equipes eram velhos soldados dos exércitos de seus países e passaram a tratar cada partida como uma batalha a ser vencida. E como se estivessem num confronto bélico passaram a traçar estratégias para abater seu "inimigo". Dessa forma surgiram os primeiros esboços de esquemas táticos do futebol.
Porém, o primeiro sistema de jogo a surtir real efeito, a encantar pelo grande futebol e pela forma avassaladora com a qual aniquilava seus adversários foi o criado pelo técnico inglês Herbert Chapman: o WM.
Chapman, nascido a 19 de janeiro de 1878, na cidade inglesa de Rotherham, começou como jogador de futebol ainda antes da virada para o século XX, em 1898, pelo Grimsby Town. Atuou ainda por Northampton, Sheffield United, Notts County e Tottenham, até se tornar jogador e manager do Northampton, no fim de sua carreira, entre 1907 e 1912. Daí, rumou para o Leeds United, e logo após para o Huddersfield, onde definitivamente ele entraria para a história do futebol.
Herbert Chapmann começaria a ensaiar alguns princípios que mudariam para sempre o jeito de jogar futebol. Em seu WM (por causa da formação de seus jogadores em campo, que se assemelha às duas letras - vide esquema na imagem), Chapman tentaria reduzir quaisquer chances de sofrer gols ao mesmo tempo em que atraía o adversário para seu campo. Ou seja, na prática o treinador inglês passou a reforçar o meio-campo e a defesa e, somando-se a isso tudo, armou as bases para o uso do contra-ataque fulminante. Em números, a tática seria um 3-2-2-3.
Como técnico do Arsenal, entre 1925 e 1934, Herbert Chapman colocou seu esquema em funcionamento e ainda consagrou o atacante David Jack, um dos símbolos daquele time, que chegaria a ser bicampeão inglês em 1930 e 31. Como curiosidade, o mesmo Jack, em uma goleada histórica por 7 a 1 sobre o Aston Villa, conseguiu a proeza de marcar os sete gols.
Chapman morreu cedo, em 1934, mas o Arsenal marcou ainda a década, pois George Allison, que o substituiu após seu falecimento, manteve o esquema do mestre e permitiu ao mundo de se deliciar por um bom tempo com o legado importantíssimo deixado por Herbert Chapman para a história do esporte bretão.
Foto: livro Football and all that an irreverent history, Norman Giller
Imagem: insanus.org
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