segunda-feira, 9 de julho de 2012

JOGOS OLÍMPICOS: FUTEBOL QUE VALE OURO





Futebol olímpico: 112 anos em busca do ouro





Estamos há poucos dias da abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Londres. E o futebol foi o segundo esporte coletivo a integrar o quadro das modalidades olímpicas (atrás apenas do pólo aquático) e tem registros desde o ano de 1900, na segunda edição dos Jogos em Paris. Naquela época não eram seleções que se enfrentavam em busca da medalha de ouro, mas combinados de universidades ou de cidades de todo o mundo. Um exemplo foi nesta mesma Olimpíada de 1900, quando apenas 3 times amadores representando seus países disputaram o torneio: O Upton Park FC, da Inglaterra, o Club Française, da França, e o Université de Bruxelles, da Bélgica – medalhas de ouro, prata e bronze, respectivamente.

A FIFA não reconhece os dois primeiro torneios olímpicos tendo em vista a participação, como já comentado, de agremiações, não das seleções propriamente ditas. Contudo o COI (Comitê Olímpico Internacional) computou as medalhas aos países de origem dos clubes. Somente na Olimpíada de 1908, em Londres, é que apenas as seleções nacionais disputaram a modalidade e a FIFA passou a reconhecer o campeão olímpico. Até 1930, ano da realização da primeira Copa do Mundo, o futebol da Olimpíada era considerado simbolicamente um “campeonato mundial”.

Com o advento do Mundial do Uruguai, em 1930, o COI e a FIFA definiram que apenas jogadores amadores poderiam participar dos Jogos Olímpicos a partir do torneio de 1936 (a edição de 1932 dos Jogos, em Los Angeles, não foi realizada), tendo em vista o não ofuscamento da Copa do Mundo que passaria a ser disputada de 4 em 4 anos. Essa manobra privilegiou quase que totalmente as seleções de países socialistas do leste europeu, cujos jogadores, em tese, eram amadores – uma espécie de amadorismo de fachada, pois se utilizavam dos mesmos jogadores nas Olimpíadas e na Copa. Podemos citar super potências futebolísticas da época como Hungria, União Soviética, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, Iugoslávia, Polônia, entre outras. Basta ver que os ganhadores de medalhas de ouro no futebol entre 1952 e 1980 foram todos do lado socialista da Europa.

Por tudo isso o futebol foi uma modalidade sem muitos atrativos para o público durante este período, devido à discrepância de qualidade entre as seleções socialistas - que contavam com craques como o húngaro Puskas, o russo Lev Yashin, o polonês Lato, o alemão oriental Sparwasser e muitos outros – e as de países não socialistas.

Visando aumentar a aceitação do futebol dentro das Olimpíadas, COI e FIFA mais uma vez se reuniram e decidiram que jogadores profissionais também poderiam participar da competição a partir dos Jogos de 1984, em Los Angeles, desde que não tivessem ainda disputado uma Copa do Mundo. Tal decisão fez com que países como França, Brasil e Alemanha Ocidental pudessem ter qualidade suficiente para encarar os socialistas “amadores”, tanto que a nação do leste europeu melhor classificada nesta edição norte-americana foi a Iugoslávia com a medalha de bronze – os franceses conquistaram o ouro frente aos brasileiros.

Na década de 90 ocorreram as maiores mudanças. Em Barcelona, no ano de 1992, a criação das seleções “sub-23”, ou seja, apenas jogadores até 23 anos de idade poderiam ser inscritos na competição. E em 1996, nos Jogos de Atlanta, abriu-se a exceção para que 3 jogadores acima da idade permitida pudessem integrar a equipe olímpica, além da introdução do futebol feminino como modalidade oficial.

De 1900 até hoje as grandes potências olímpicas no futebol masculino são Hungria e Grã-Bretanha, cada um com 3 medalhas de ouro. Seguidos da extinta União Soviética, da Argentina e do Uruguai (daí a origem do nome “Celeste Olímpica”) com 2 ouros cada. No feminino são 3 medalhas douradas para os Estados Unidos. Logo atrás estão as norueguesas com uma. A atual campeã olímpica é a Argentina entre os homens. Já a última seleção feminina medalhista de ouro foi a norte-americana.

O maior artilheiro masculino da história dos Jogos Olímpicos é o húngaro Férenc Bene, que na edição de 1964, em Tóquio, marcou 12 gols. No lado feminino a detentoras da marca é a  brasileira Cristiane com 10 gols marcados nas duas últimas Olimpíadas.

O futebol olímpico é uma modalidade bastante imprevisível e muito mais “democrática” que a Copa do Mundo. Haja vista países como Canadá, Nigéria, Camarões, Bélgica (estes com medalhas de ouro), Japão, Gana, Egito, Índia, Paraguai e Iraque, que não possuem tanta tradição em nível mundial, já terem se saído muito bem nas Olimpíadas, em detrimento de seleções como Brasil e Alemanha (Ocidental e unificada), grandes campeãs mundiais, mas com resultados não tão expressivos dentro dos Jogos Olímpicos dadas suas grandezas no esporte.

Nas próximas publicações trarei algumas curiosidades e fatos e personagens que entraram para a história do futebol nos Jogos Olímpicos.

A bola começa a rolar no próximo dia 26 e que a disputa tenha o mesmo brilho que uma medalha de ouro.





Imagens: arquivo pessoal
Foto 1: People's Daily Online
Foto 2: Globoesporte.com

Nenhum comentário: