Futebol olímpico: 112 anos em busca do ouro
Estamos há poucos dias da
abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Londres. E o futebol foi o segundo
esporte coletivo a integrar o quadro das modalidades olímpicas (atrás apenas do
pólo aquático) e tem registros desde o ano de 1900, na segunda edição dos Jogos
em Paris. Naquela
época não eram seleções que se enfrentavam em busca da medalha de ouro, mas
combinados de universidades ou de cidades de todo o mundo. Um exemplo foi nesta
mesma Olimpíada de 1900, quando apenas 3 times amadores representando seus países
disputaram o torneio: O Upton Park FC, da Inglaterra, o Club Française, da
França, e o Université de Bruxelles, da Bélgica – medalhas de ouro, prata e
bronze, respectivamente.
A FIFA não reconhece os dois
primeiro torneios olímpicos tendo em vista a participação, como já comentado,
de agremiações, não das seleções propriamente ditas. Contudo o COI (Comitê
Olímpico Internacional) computou as medalhas aos países de origem dos clubes.
Somente na Olimpíada de 1908, em Londres, é que apenas as seleções nacionais
disputaram a modalidade e a FIFA passou a reconhecer o campeão olímpico. Até
1930, ano da realização da primeira Copa do Mundo, o futebol da Olimpíada era
considerado simbolicamente um “campeonato mundial”.
Com o advento do Mundial do
Uruguai, em 1930, o COI e a FIFA definiram que apenas jogadores amadores
poderiam participar dos Jogos Olímpicos a partir do torneio de 1936 (a edição
de 1932 dos Jogos, em Los
Angeles , não foi realizada), tendo em vista o não ofuscamento
da Copa do Mundo que passaria a ser disputada de 4 em 4 anos. Essa manobra
privilegiou quase que totalmente as seleções de países socialistas do leste
europeu, cujos jogadores, em tese, eram amadores – uma espécie de amadorismo de
fachada, pois se utilizavam dos mesmos jogadores nas Olimpíadas e na Copa.
Podemos citar super potências futebolísticas da época como Hungria, União
Soviética, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, Iugoslávia, Polônia, entre
outras. Basta ver que os ganhadores de medalhas de ouro no futebol entre 1952 e
1980 foram todos do lado socialista da Europa.
Por tudo isso o futebol foi uma
modalidade sem muitos atrativos para o público durante este período, devido à
discrepância de qualidade entre as seleções socialistas - que contavam com
craques como o húngaro Puskas, o russo Lev Yashin, o polonês Lato, o alemão
oriental Sparwasser e muitos outros – e as de países não socialistas.
Visando aumentar a aceitação do
futebol dentro das Olimpíadas, COI e FIFA mais uma vez se reuniram e decidiram
que jogadores profissionais também poderiam participar da competição a partir
dos Jogos de 1984, em Los
Angeles , desde que não tivessem ainda disputado uma Copa do
Mundo. Tal decisão fez com que países como França, Brasil e Alemanha Ocidental
pudessem ter qualidade suficiente para encarar os socialistas “amadores”, tanto
que a nação do leste europeu melhor classificada nesta edição norte-americana
foi a Iugoslávia com a medalha de bronze – os franceses conquistaram o ouro
frente aos brasileiros.
Na década de 90 ocorreram as
maiores mudanças. Em Barcelona, no ano de 1992, a criação das
seleções “sub-23” ,
ou seja, apenas jogadores até 23 anos de idade poderiam ser inscritos na
competição. E em 1996, nos Jogos de Atlanta, abriu-se a exceção para que 3
jogadores acima da idade permitida pudessem integrar a equipe olímpica, além da
introdução do futebol feminino como modalidade oficial.
De 1900 até hoje as grandes
potências olímpicas no futebol masculino são Hungria e Grã-Bretanha, cada um
com 3 medalhas de ouro. Seguidos da extinta União Soviética, da Argentina e do
Uruguai (daí a origem do nome “Celeste Olímpica”) com 2 ouros cada. No feminino
são 3 medalhas douradas para os Estados Unidos. Logo atrás estão as norueguesas
com uma. A atual campeã olímpica é a Argentina entre os homens. Já a última
seleção feminina medalhista de ouro foi a norte-americana.
O maior artilheiro masculino da
história dos Jogos Olímpicos é o húngaro Férenc Bene, que na edição de 1964, em
Tóquio, marcou 12 gols. No lado feminino a detentoras da marca é a brasileira Cristiane com 10 gols marcados nas
duas últimas Olimpíadas.
O futebol olímpico é uma
modalidade bastante imprevisível e muito mais “democrática” que a Copa do
Mundo. Haja vista países como Canadá, Nigéria, Camarões, Bélgica (estes com
medalhas de ouro), Japão, Gana, Egito, Índia, Paraguai e Iraque, que não
possuem tanta tradição em nível mundial, já terem se saído muito bem nas
Olimpíadas, em detrimento de seleções como Brasil e Alemanha (Ocidental e
unificada), grandes campeãs mundiais, mas com resultados não tão expressivos
dentro dos Jogos Olímpicos dadas suas grandezas no esporte.
Nas próximas publicações trarei algumas curiosidades e fatos e personagens que entraram para a história do futebol nos Jogos Olímpicos.
A bola começa a rolar no próximo
dia 26 e que a disputa tenha o mesmo brilho que uma medalha de ouro.
Imagens: arquivo pessoal
Foto 1: People's Daily Online
Foto 2: Globoesporte.com
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